sábado, 28 de novembro de 2009

32 Anos de Balé

Este vídeo é do espetáculo "Clube da Cena", que este ano foi apresentado no teatro Gláucio Gil, aqui no Rio de Janeiro. Neste espetáculo, que acontece toda quarta-feira, são encenados sempre 7 novos textos, de diferentes autores. Esta esquete foi montada no dia 18/11/09, dia em que eu fui o autor convidado, e contou com os atores Renato Albuquerque e Zé Guilherme Guimarães (preciso ver quem fez o papel da mãe, e quem que dirigiu...).
Pra quem quiser ler, estou disponibilizando o texto da cena. E caso queiram saber mais sobre o Clube da Cena: http://clubedacena.blogspot.com/

Link para o vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=H8j_IYr8Ucs



Filho está lendo um livro/jornal.
Pai entra em cena.

-Filho?

-Sim, pai.

-Semana que vem teremos um dia muito importante, não?

-Importante? Ah, você se refere ao meu aniversário?

-Sim, claro!!!! 32 anos. Não é todo dia que completamos 32 anos.

-Ah, pai, que isso... 32 é uma idade qualquer. Um a menos que 33, um a mais que 31.

-Não, não diga isso. Quando completei 32 anos, há 75 anos atrás, fiz uma grande comemoração. Foi inesquecível.

-É... Imagino.

-Por isso, quero que você também tenha uma comemoração à altura deste marco histórico.

-Graaaande marco...

-Gostaria de saber qual o tema que você quer para a sua festa.

-O tema que eu quero? Como assim, você vai organizar uma festa temática pra mim?

-Sim, vou, claro.

-Mas, pai, você não sabe organizar festas. Quando foi a última vez que você organizou uma?

-Foi no dia da queda do Muro de Berlin. Eu e meus amigos colocamos nossas fantasias de nazistas e derrubamos o muro do quintal casa do Carlinhos, em homenagem à queda do muro.

-É, deve ter sido muito divertido.

-Então, meu filho, que tema você vai querer pra sua festa?

-Po, pai, sei lá! A última vez que tive uma festa temática eu tinha 6 ou 7 anos de idade.

-Sim, claro, eu me lembro bem.

-Ah, é? Foi uma festa de que?

-Foi uma festa de balé.

-O que? Que balé o que, pai!

-Sim, foi, claro. Você e seus amigos colocaram aquelas roupas de bailarina e ficaram dançando o "Quebra Nozes" e o "Lago dos Cisnes". Foi muito lindo, fiquei emocionado.

-É, não me lembrava disso... mas acho que não vou querer festa nenhuma não, pai. Vou sair pra tomar cerveja com meus amigos, ou algo do tipo.

-Tem certeza? Não quer que eu organize uma festa de balé pra você?

-Ta maluco, pai? É CLARO que não.

-Eu ainda tenho guardada a sua roupa de bailarina.

-Você tá falando sério?? Você é louco mesmo.

-Ah, essa roupa é uma graça. Confesso que, de vez em quando, depois que a sua mãe dorme, eu experimento a sua roupa.

-O QUE?

-Fica um pouco apertada, mas eu me sinto ótimo quando a visto. Me sinto uns 20 anos mais novo. Quer ver como ela fica em mim?

-NÃO! Pelo amor de Deus, não. Isso vai destruir a imagem de pai que eu tenho de você.


Mãe entra em cena.


Mãe: Astolfo, já falou com Plínio sobre a festa?

Pai: Já, Túlia. Mas ele diz que não quer...

Mãe: Como assim não quer???

Filho: É mãe, eu não quero ter uma festa de bailarina pra comemorar o meu aniversário. Isso é tão estranho?

Mãe: Mas é a tradição da nossa família.

Filho: Que tradição?

Mãe: Você não contou pra ele da tradição?

Pai: É, eu não esta querendo força-lo a isso, estava tentando convencê-lo.

Filho: Ahn?? Como assim ME FORÇAR?

Mãe: É, meu filho, nós já devíamos ter te contado.

Pai: Sim. Todos os membros do sexo masculino da nossa família, ao completarem 32 anos de idade, devem fazer uma festa de bailarina.

Filho: !!!!!!! Eu não acredito que estou ouvindo isso...

Mãe: Isso acontece desde o século XIV. É normal.

Filho: Normal? Bom, meus amigos não tiveram que se vestir de bailarina na festa deles.

Mãe: Claro isso não faz parte da tradição familiar deles.

(Pais se aproximam, ficam cada um de um lado de Plínio, tocam nele)

Pai: É, filho, pensa bem, no fundo você gosta disso. Lembra de você pequenininho... Vestido de balarina, lembra como era bom.

Mãe: Isso mesmo, Plínio, você chegou a me dizer que o seu sonho era fazer parte do Balét de Bolshoi.

Filho: Disse?

Pai: Claro, você tem que parar de se podar emocionalmente, tem que deixar fluir...

Mãe: Deve deixar que seus sonhos mais tenros aflorem


(Nesse ponto, ou um pouco antes, o filho começa realmente a se convencer de que ele quer ser uma bailarina. Então, aos poucos ele se levanta, e começa a fazer movimentos caricatos de balé. Enquanto isso uma música de balé conhecida, pode ser Quebra Nozes ou algo do tipo, começa tocar enquanto Plínio dança)

Enquanto Plínio dança, os pais podem continuar o encorajando dizendo coisas como "Isso, muito bem, meu filho" etc... Até o fade da luz.

domingo, 22 de novembro de 2009

Poema da Uretra

Assim que cheguei em casa me joguei no chão e comecei a lamber os tacos de madeira.
Eram deliciosos.
Depois, comecei a mordiscá-los e a mastigar pequenos pedaços.
Eles são um tanto saborosos.

Nada me dá tanto prazer quanto isso.

Nada.

Depois, minha esposa chegou em casa.

—Eu escrevi um poema para o seu pênis, bem do tamanho dele, um poema em vários capítulos.

Então ela abriu minha uretra e introduziu o poema pinto adentro.
Meu pênis, então, recitou o poema de uma forma belíssima.
Como poucos atores humanos poderiam fazer.
Era um pênis artista.

Enquanto isso, peguei nos seios de minha mulher e os apertei.
Os suguei de forma que saíram um pouco de leite duro, e sangue coagulado.

—Eles me fazem sentir tesão. Quero trepar agora.

Comecei a trepar com minha esposa, no chão de tacos da sala.
Como meu pênis enorme ainda estava a recitar o poema,
O som de sua voz ficou um pouco abafado por causa da reverberação vaginal de minha esposa.

Ela tem um boceta enorme.

Enquanto trepava com ela, comecei a chupar seu nariz.
Sua narinas eram muito sensuais.

—Escarre em mim.

Então ela soltou uma grande escarrada bonita, grossa e esverdeada, com pequenos pedaços de muco ressecado.

—Ó, como isso é delicioso.

Para completar, ela não depilava seu sovaco há 6 meses.
Ficava enrolando com os dedos, os cabelinhos de seu lindo sovaquinho peludo.
Não resisti e comecei a cheirá-los e a lambê-los.

—Seu aroma sovacal é podre e gostoso, da maneira que gosto.

Quando ejaculei em sua boceta, o resto de poema não lido por meu pênis ficou dentro de sua vagina.
Ele acabou originando um filho poético: Arcanboldo.

Arcanboldo, que foi gerado pelo útero de minha esposa em apenas 5 minutos.
Era feio e grotesco.
Ele fedia a bosta.
Tinha um rosto deformado, mal se distinguiam os olhos, nariz, boca e orelhas.
E o som de sua voz era esganiçado e se assemelhava a um peido.
Na verdade, seu corpo todo era uma massa disforme.
Mal se distinguiam pescoço, tronco, braços e pernas.
E por isso, nada podia fazer.
Apenas grunhia, se balançava para os lados, enquanto peidava e cagava nele mesmo,
pois seu ânus ficava no topo de sua cabeça.
E, para completar, sua urina saia pela ponta de sua língua, logo, ele a bebia toda.

—Nosso filho é a criatura mais podre e horrenda que Deus já criou.
É o pior filho que algum ser vivo poderia ter.
Não se parece conosco, se assemelha mais a um pedaço de bosta meu.

Então comecei a pisotear aquela criatura grotesca e bizarra.
A cada pisoteada, ela soltava gritinhos esganiçados, agudos, junto com jatos de sangue.

Minha esposa ficou horrorizada.

—Como pode fazer uma coisa dessas com a nossa criação?
Ele pode ser feio e fedorento, mas é nosso filho, devemos cuidar dele.

Eu a ignorei e continuei a pisotear aquela criatura que parecia um pedaço de esgoto moldado.

—Pare com isso ou irei matá-lo — gritou minha esposa.

Ela partiu para cima de mim.
Acertei um soco em seu seio esquerdo.
E chute em sua boceta.
E mais outro.
E outro.

Quando ela estava caída no chão, peguei o que sobrava de nosso filho horrendo,
e coloquei em sua boca.
Fiz com que ela comesse aquela criatura abominável.

Por nosso filho ser uma criatura tóxica, minha esposa morreu instantaneamente.

Como minha mulher estava morta, retirei seu ânus e coloquei no lugar de meu olho direito.
E no lugar de seu ânus, encaixei meu olho direito.
Então retirei o outro olho meu, o esquerdo, e o introduzi no lugar de meu ânus.
E peguei meu ânus, e coloquei no lugar de meu olho esquerdo.


Agora, vejo o mundo de forma anal.
E choro lágrimas de bosta.

domingo, 15 de novembro de 2009

Tortinhas

Verdinhas.

domingo, 8 de novembro de 2009

Devemos tentar mais uma vez

retirar nossas mãos de nossas bocas.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Vai, e não esquece da mandioca.


Curdispór Arantes do Cimento é um escritor renomado. Recebeu recentemente o prêmio Onânodes de Belrréia, que foi criado especialmente para premia-lo, já que nenhum prêmio existente no mundo fazia jus à sua obra genialmente original.

Quando anda nas ruas, causa grandes transtornos. Os fãs se aglomeram na tentativa de tocar em sua pele, para que possam absorver um pouco de sua sabedoria sobre-humana. Suas récitas de prosa e poesia lotam estádios de futebol pelo mundo todo. Cientístas estão enviado gravações de seus escritos para o espaço, por serem consideradas as obras mais importantes escritas até hoje.

Curdipór foi indicado para receber o prêmio Onânodes de Belrreia após a publicação de seu mais recente poema, "Ode a uma Ameixa Entristecida":

-Ode a uma Ameixa Entristecida-


Copos.

Cavalos.

Sílica gel.

Na minha cama está a gasolina de ontem.

E a árvore esmaga a moça relativa.

Quando ameixas choram, imagino sonhos de outros Novembros.

(Ou não, seu animal. Veatiydörfintu#ng~.)


Quando questionado sobre o que significa "Veatiydörfintu#ng~", Curdispór disse ser um sentimento muito complexo, que ele não consegue descrever, logo, teve que criar uma nova palavra.


-


Sânscrita é uma menina feliz. Ela é a maior fã de Curdispór. Recentemente, tatuou pelo seu corpo todo o romance "Boa Tarde, Mãe, Minha Vida Está uma Merda", sua obra preferida dele (depois do poema épico "Bengalas", que, por ser um poema de 625 volumes do tamanho da lista telefônica, seriam necessárias 12.000.000 pessoas para ser tatuado na íntegra).

Sânscrita gostaria muito de conhecer Curdispór, para que pudesse fazer sexo com ele. Era a coisa que mais queria em sua vida. Só que Curdispór era um homem muito reservado. Só deixava sua mansão uma ou duas vezes por ano. Não podia perder tempo com coisas desimportantes, precisava ficar concentrado, para que as ideias brotassem de sua mente genialmente original (que por ser tão original, Curdispór fez um seguro para ela no valor de 500.000.000.000€, no caso de algum infortúnio. Seguro este, que é patrocinado por todas as nações do mundo, que consideram Curdispór um cidadão universal, talvez o cidadão mais importante da história).

Então Sânscrita reuniu todas as suas economias e pagou um hacker, para que este descobrisse o e-mail do Grande Escritor. Após 10 anos tentando, o hacker descobriu. Eis a conversa virtual que se sucedeu entre escritor e leitora:

-Cada vez que eu leio seus textos, mais vontade dá de te conhecer, sabia?
-Bom, se você pudesse me conhecer ao vivo veria que não sou uma pessoa tão inatingível e genial quanto pareço ser por causa de meus textos. Por que não vem até minha mansão, poderemos ter uma conversa agradável, e, se tudo ocorrer bem, eu, quem sabe, faça sexo animal com você.
-Ok.

Eles se encontram. Eles se olham. Eles trocam palavras e frases, sons e sentidos sem importância.

-Pensando bem, é uma pena que ao vivo não sejas tão impressionante, tão inatingível e genial.
-Isso é o que você pensa.
-, você não disse que não era tão inatingível e genial, está se contradizendo agora?
-Sim, estou contradizendo a minha própria contradição contraditória.
-Deve ser difícil demais ser uma pessoa contraditória. As pessoas nem devem acreditar muito em ti.
-Sim, as pessoas, quando conversam comigo, devem levar em conta de que, por ser uma pessoa contraditória, quando contradigo alguma coisa posso estar contradizendo a minha própria contradição contraditória previamente contradita, de forma que que é difícil avaliar se minha contradição é real ou é apenas contraditória.
-E elas também podem entrar no seu jogo de contradição real ou contraditória e já dizer algo na espera de que você vá contradizer a tal coisa, fazendo com que você concorde com a ideia inicial.
-Sim, e isso pode gerar um cataclisma que transformará a realidade numa entidade contraditória a todas as ideias em geral, de forma que a contradição se torna a regra, e o não-contadito numa ideia estapafúrdia e sem importância, pois, de fato, ele passa a não existir.
-Iniciando, assim, uma nova revolução na humanidade que será considerada como o segundo holocausto, pois aqueles que pensam de forma contraditória iniciarão um movimento que irá angariar fundos para uma sociedade que valoriza um novo jeito de pensar, excluindo ideias pueris e sem graças, como as não-contraditas.

Curdispór parou por alguns instantes, impressionado com o diálogo que acabara de ter com a jovem mulher que havia acabado de ganhar seu coração. Uma lágrima escorreu de seu olho esquerdo. E caiu em seu pé direito (o rosto de Curdispór estava ligeiramente inclinado).

-Eu te amo, agora, Sânscrita. Faça sexo animal comigo.
-Ok.

Eles fizeram sexo animal. Eles ficaram vários dias fazendo sexo animal, sem beber nem comer, apenas fazendo o sexo mais animal que qualquer ser humano já fez sobre a face do planeta Terra.

Depois que eles cansaram de fazer o sexo animal, Curdispór disse:

-Foi bom enquanto nosso amor durou.

E chutou Sânscrita de sua mansão. Depois, caminhou até seu computador e escreveu um novo poema:



-Oi, Fui Eu, e Não a Aranha do Mostruário-


Ervilhas.
Somas que deram errado.
Os elefantes estão caminhando com meus vizinhos.
Havia um lugar do outro lado,
Mas esqueci de visitar
Havia uma moinho de vento
Dentro de minha privada pública
Sai daqui, sua vadia.
O troco foi $2,43.
Como vai?
Este é um belo coelho.
Como se segura nesta coisa?
Foi o tungstênio.
A tecla U está esmagada.
O tem muita água no meu saleiro.
Salve o mundo, ó, Rei das Arábias.
O sorvete caiu na orelha de minha esposa, seu juiz.
Aponte a luminária para o calcanhar, é mais apropriado.
Com disco azul é mais prazeroso.
Está liso, prefiro com as ataduras.
Retângulo.
Isso, mais devagar.
Ghaskl8Füiorp, enebriado.
É, minha roda está com a impressão facial de sua mãe.
Sânscrita, veja, o horizonte está te chamando;
Depois que chegar lá, me conta como foi.
Vai, e não esquece da mandioca.


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Este texto foi inspirado e feito à partir de uma conversa virtual com a Dandara.
E não, não teve a parte do sexo animal em nossa conversa.

E pra quem não viu ainda, eu tenho twitter agora:
http://twitter.com/rafaelsperling/