quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

2019 a 2022

O mundo pode estar acabando, mas estamos de volta mais uma vez reunindo algumas coisas que foram publicadas por aí sobre este que vos fala.


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Agora disponível online, Nox Insomnia, o mais recente filme de animação de Guy Charnaux, baseado no meu conto Insônia (de Um homem burro morreu). Esta já é a quarta animação de Guy utilizando contos meus. Link para o filme: https://youtu.be/Ozrm4Mn1uI0

 


 

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E novamente no Youtube após alguns anos, "Bussiness Meeting", animação do Guy Charnaux feita a partir do meu conto "A opinião de Ponsamoto" (de Um Homem Burro Morreu). Link para o filme: https://www.youtube.com/watch?v=upc6N27hktg


 

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https://piaui.folha.uol.com.br/materia/eu-existo/

Na revista Piauí, a jornalista Elisangela Roxo comenta sua famosa matéria sobre Caetano Veloso matéria para o portal Terra e cita obras que foram influenciadas por ela, como o meu conto "Caetano Veloso se prepara para a travessar uma rua do Lebon", publicado originalmente na Folha de S. Paulo e depois em Um homem burro morreu.


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https://andredeleones.com.br/2020/12/31/os-anos-dez-literatura-de-ficcao/

André de Leones publicou, no final de 2020, uma lista com o que ele considerou serem os melhores livros lançados na última década, colocando Um homem burro morreu dentre as obras.


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https://www.bpp.pr.gov.br/Candido/Noticia/Especial-O-mel-do-melhor#

Em um depoimento para o jornal Cândido, Nelson de Oliveira comenta sobre me incluir em sua futura antologia sobre a geração 2010:

“Nelson de Oliveira avisa que começou a organizar uma antologia da Geração 2010. Ele colecionou obras literárias brasileiras publicadas durante a década passada e agora realiza a seleção. A exemplo do que fez nos dois livros da Geração 90, e também em Geração Zero Zero: Fricções em Rede (2011), vai escolher autores que têm mais de uma obra publicada. Por enquanto apenas dois nomes estão, como Oliveira faz questão de salientar, "garantidíssimos": Aline Bei e Rafael Sperling."


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Em uma série de textos sobre a sua "Pequena byblioteca do LunaLaby" (uma lista de livros formando uma espécie de cânone pessoal), Nelson de Oliveira menciona meus livros Festa na usina nuclear e Um homem burro morreu

https://rascunho.com.br/colunistas/simetrias-dissonantes/pequena-byblioteca-do-lunalaby-1/ 

https://rascunho.com.br/colunistas/simetrias-dissonantes/pequena-byblioteka-do-lunalaby-2/

https://rascunho.com.br/colunistas/simetrias-dissonantes/pequena-byblioteka-do-lunalaby-final/

 


 

Em junho de 2020, Carlos Henrique Schroeder fez uma lista com alguns de seus livros favoritos de contos lançados nos últimos vinte anos, e incluiu Um homem burro morreu dentre as obras mencionadas.

É possível ver a lista aqui: https://www.facebook.com/xroeder/posts/3065021053566653 

E aqui a live para a editora Record em que ele comenta essa lista: https://www.youtube.com/watch?v=GXJyzhQjg2E&t


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Participei da coletânea de ficção fantástica brasileira Mundo-Vertigem, organizada por Luiz Bras e publicada pela Alink Editora. Participo com o conto Festa na usina nuclear (que faz parte do livro homônimo), republicado agora depois de quase dez anos. 
 
Texto do site da editora:
A coletânea Mundo-vertigem: ficção fantástica brasileira reúne trinta e seis talentos de nossa literatura contemporânea, todos fascinados pelas facetas mais insólitas da existência. Os contos aqui reunidos comprovam que essa nova geração de ficcionistas continua mantendo em altíssimo nível nossa ficção fantástica (às vezes chamada de realismo mágico), gênero impulsionado no século vinte, entre nós, pelos mestres do extraordinário: Murilo Rubião, José J. Veiga, Lygia Fagundes Telles, Victor Giudice, Maria Helena Bandeira, Jamil Snege e outros.
 
Autores:
Adrienne Myrtes + Alex Xavier + Amilcar Bettega + André Czarnobai + Antonieta Fernandes + Braulio Tavares + Carla Figueiredo Vieira + Carlos Emílio Corrêa Lima + Danielle Martins Cardoso + Eduardo Sabino + Fábio Fernandes + Helen Fadul + HelO Bello Barros + Isabor Quintiere + Ivan Carlos Regina + Ivan Nery Cardoso + João Paulo Parisio + Manoel Herzog + Márcia Barbieri + Marne Lúcio Guedes + Nathalie Lourenço + Nelson de Oliveira + Pádua Fernandes + Patricia Galelli + Rafael Sperling + Regina Junqueira + Rodrigo Garcia Lopes + Romy Schinzare + Rosana Rios + Santiago Santos + Sidney Rocha + Silvia Camossa + Sofia Soft + Tereza Yamashita + Veronica Stigger + Wilson Alves-Bezerra.
 
 
 
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"Vale para nomes nada doces/conciliatórios dos anos 1950/60 e gerações posteriores: do mais óbvio de todos, Dalton Trevisan, que estreou em 1959 e passou as décadas seguintes escrevendo versões de um único e afiado conto, a contemporâneos que gostam de trabalhar com ecos/repetições, como André Sant'Anna (filho de Sérgio), Angélica Freitas e Rafael Sperling."
 
Texto do Michel Laub sobre João Gilberto e a literatura brasileira, para o jornal Valor Econômico.
 
 
 
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Achei curioso que agora o portal Educa Mais Brasil me utiliza como exemplo de sarcasmo e ironia na literatura (ao lado de Eça de Queiroz e Oscar Wilde) em um artigo na seção de Língua Portuguesa: 
 
“No cenário brasileiro, o escritor Rafael Sperling aposta no sarcasmo em sua obra “Um homem burro morreu”, em formato de um livro de contos. No decorrer de 27 contos, o autor destaca elementos irônicos e provocadores nas narrativas inverossímeis, que tornam-se plausíveis no contexto de sarcasmo e ironia.”
 
 
 
 
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https://osrabiscosdageadas.com/narrador-por-modo-dramatico/

O site Os Rabiscos da Geadas utiliza trecho de Amores efêmeros (Festa na usina nuclear) como exemplo do para o "narrador por modo dramático".


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Autor Glauber da Rocha comenta a leitura de Um homem burro morreu.


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 Matheus Souza comenta a leitura de Um homem burro morreu


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SaÍ n’O Globo do dia 18/05/2021 (eu sou o ser branco de camisa quadriculada no lado direito da foto). Desde o início de 2021 tenho trabalhado como sound designer para a agência Benext, cuidando da parte de áudio dos voice apps (o que inclui fazer músicas, efeitos sonoros e gravar/dirigir atores ou locutores).

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Novidades 2017/2018

Após dois anos sem atualizar, volto novamente. A quem interessar, as últimas publicações com alguma relação a mim.



2017

Saí na Papo de Homem em uma lista com 12 trechos de autores para se conhecer na literatura contemporânea brasileira:

https://papodehomem.com.br/12-trechos-para-conhecer-a-literatura-contemporanea-brasileira/


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Fevereiro:


Tradução do meu conto "O caminho de volta" (feita pelo Stéphane Chao) na revista francesa Chemin Faisant. O texto não está em nenhum livro meu (ainda).

http://cheminfaisant.eu/tome-17-objets-trouves/
(a revista acabou recentemente, o site saiu do ar)




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Adaptação que o Guy Charnaux fez do meu conto O Poeta das Coisas Horríveis (que está incluído no Um Homem Burro Morreu). Pude acompanhar o processo desde o início, acho que o resultado ficou fantástico. Há legendas disponíveis em inglês e português.
O filme foi selecionado para diversos festivais, incluindo o Festival d'Annecy





https://www.annecy.org/programme/index:film-20172308


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31/03/17
Conto Éternellement à toi (Eternamente Seu, parte do Festa na Usina Nuclear) traduzido pelo Stéphane Chao, publicado pela Revue L'Ampoule (Éditions de l’Abat-Jour):

http://www.editionsdelabatjour.com/2017/03/rafael-sperling.html
http://www.editionsdelabatjour.com/2017/03/eternellement-a-toi-par-rafael-sperling.html


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Novembro:

A revista francesa D-Fiction publicou uma tradução do meu conto O poeta das coisas horríveis (com tradução do Stéphane Chao). As imagens que ilustram são parte do curta homônimo do Guy Charnaux, que, como diz a publicação, será exibido dia 18 de novembro no Court-Circuit Magazine do canal franco-alemão ARTE.

https://d-fiction.fr/2017/11/le-poete-des-choses-horribles/



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A revista francesa Le Cafard Hérétique publicou quatro contos de Um Homem Burro Morreu (Manual básico para, Banho, Subir na mesa e Um homem burro morreu), em francês e em português, com tradução do Stéphane Chao.

http://www.editions-lunatique.com/le-cafard-heretique-9
 



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Número 37 da Le Paresseux Littéraire, com versão para o francês de "Caetano Veloso se prepara para atravessar uma rua do Leblon", feita pelo Stéphane Chao. As ilustrações são de Étienne Pinault.

http://www.leparesseuxlitteraire.fr/2017/11/le-paresseux-n37/




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Pra quem estiver na Europa, agora é possível comprar livros de literatura brasileira pela Capitolina Books. De acordo com a Nara Vidal: "A very original writer, Sperling brings a breath of fresh air through his peculiar, sarcastic, violent, intriguing and talented narrative."

https://www.capitolinabooks.com/product-page/um-homem-burro-morreu

Saiu na Oblique (editada pela Nara Vidal na Capitolina Books) uma tradução para o inglês do meu conto Uma xícara de chá, feita pela Kim M. Hastings. O texto faz parte de Um Homem Burro Morreu:
https://www.capitolinabooks.com/single-post/2017/12/04/A-cup-of-tea



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2018



Saíram três continhos meus (de gosto duvidoso, pra variar) nessa nova plataforma luso-brasileira, A Bacana. Agradeço ao Rafael Mantovani pelo convite, que escreveu no Facebook:

"sempre gostei da imaginação perversa, imprevisível e inclassificável do Rafael Sperling — autor de "Jesus Cristo espancando Hitler", "Caetano Veloso se prepara para atravessar uma rua do Leblon", "Um homem chamado Homem" e outros contos futuramente célebres.

agora A Bacana tem o prazer de apresentar, em primeira mão, três dos seus contos curtos de gosto duvidoso.

soluções lógicas e diretas para dilemas da pós-realidade."

https://abacana.weebly.com/oficial/bebeia-anacleta-cloaca-seca-de-rafael-sperling



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Nova adaptação de conto meu pelas mãos do Guy Charnaux! “Business Meeting” foi baseado em “A opinião de Ponsamoto”, que faz parte de Um Homem Burro Morreu.




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Neste artigo, eu e vários outros escritores falamos sobre técnicas ou ações que adotamos para estimular a criatividade na hora da escrita:

http://www.updateordie.com/2018/03/16/21-escritores-brasileiros-revelam-suas-principais-formas-de-estimular-a-criatividade/



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Descobri por acaso que Um Homem Burro Morreu fez parte da bibliografia de um artigo acadêmico e de uma tese de mestrado na UFRGS, agora em 2018. O autor, Luis Felipe Abreu, analisa a relação de “Caetano Veloso se prepara para atravessar uma rua do Leblon” com a matéria na qual me inspirei para escrevê-lo, “Caetano estaciona carro no Leblon nesta quinta-feira”, publicada pelo portal Terra.


https://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/172944
https://semidiscomufrgs.files.wordpress.com/2017/12/anais_2017_versao_2.pdf

Um trecho:
"Há algo na apropriação de Caetano Veloso se prepara para atravessar uma rua do Leblon (SPERLING, 2014) que cabe uma exploração mais detida aqui, para além de exemplo paradigmático da ação contracomunicacional. Sibila pelas suas descrições um rumor, suave, mas insistente, das maquinações míticas: não muito distante da entrevista com Doria, a persona de Caetano é desvelada por uma mesquinhez de descrições do cotidiano a atuar em uma suposta “humanização” da figura pública. Caetano atravessa a rua, come em um restaurante, usa o banheiro, espera na fila para pagar o estacionamento... tudo isso exposto em dispositivos de enunciação que fazem referência à exposição midiática, da referência explícita à notícia do Terra, decalcada no primeiro parágrafo do texto, em tom de lide jornalístico, até as perguntas que atravessam o conto de forma constante, indo indagar e explicitar as opiniões e preferências de Caetano, em uma voz que poderíamos aqui ouvir no timbre de Amaury Júnior ou Edwina: “ – Você gosta dessa comida que você pediu, Caetano Veloso? – Gosto muito” (SPERLING, 2014, p. 8); “ – Como estão as suas vezes, Caetano Veloso? – Estão ótimas” (SPERLING, 2014, p. 9). A mitificação de Caetano, como constituída na matéria do Terra, é abordada aqui como a suplementação de sua figura célebre por um sentido de cotidianidade, desvelada na reprodução exagerada, hiper-realista, das operações formais do texto original – retirar dos próprios meios os meios com que criticá-los, lembrando Pignatari (2004). Há que se lembrar que o próprio mito é um uso do signo contra o signo, e a demonstração clamorosa desse parasitismo, como no conto, abre uma fissura no próprio processo, demonstrando a artificialidade de ambos os signos. Na distância de um signo a outro em cada texto, e de um texto a outro, constituímos nossa crítica, para nesse espaço comunicante entender o ruído instaurado. Caetano Veloso se prepara... (SPERLING, 2014) age diretamente sobre Caetano estaciona...: quais as implicações disso?"


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Agora é possível comprar meu livro da Cozinha Experimental pela Blooks ou pelo site da própria editora:

http://www.indieblooks.com.br/pd-58f5d0-rafael-sperling.html?ct=&p=4&s=1 

https://cozinhaexp.facileme.com.br/
 

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Entrevista do Guy Charnaux no portal Zippy Frames falando sobre o uso dos meus textos em seus filmes:

http://www.zippyframes.com/index.php/interviews/interview-with-guy-charnaux


ZF: What draws you to the world of Rafael Sperling?
GC: I've always had a hard time finding fiction writers whose work I could really connect with, stories that truly resonated within me. The moment I was presented to Sperling's work I was absolutely dazzled by how much I could relate to it, his peculiar sense of humour and taste for the absurd. He seems a bit like a surrealistic Charles Bukowski to me, as if Bukowski had dropped a bunch of acid, taken a trip to Mars and started writing. As I read Sperling's texts, the images and ideas for my films start popping in my head in a very natural manner, I feel compelled to bring them to life. I'm probably his biggest fan.
(...)
ZF: You have handled poetry and culture, business, relationships, nature and nurture. What is your next endeavor?
GC: A combination of all the most powerful aspects of my previous works, a truly apocalyptic enterprise. It is going to be another one of Sperling's stories, one of his most insane texts and my most brutal work by far. The way I feel about this one is as if I'm about to drop an H-bomb, and after the dust settles I'll see in which direction do I go.


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Feliz por saber que O Grande Circo Místico, do Cacá Diegues, representará o Brasil na disputa pelo Oscar. Tive a oportunidade de participar do filme como assistente do Edu Lobo, trabalhando com a Dulce Lobo e o Itamar Assiere. Ajudei na elaboração e organização da trilha sonora, além de fazer programações e até compor alguns pequenos trechos da trilha.

https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2018/09/o-grande-circo-mistico-vai-representar-o-brasil-no-oscar-2019.shtml

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Rafael Sperling | Coleção Kraft



KRAFT. Sf, Kräfte 1 força, vigor, energia. 2 potência. aus eigener Kraft pelo próprio esforço. außer Kraft sein estar revogado, sem efeito. in Kraft sein estar em vigor.



O livro que estou lançando faz parte da Coleção Kraft, da editora Cozinha Experimental. A coleção, que começou a ser lançada em 2014, apresenta recolhas de dez poetas brasileiros estreantes no gênero (sendo a minha a décima, fechando a coleção). Cada livro conta com dez textos, precedidos por uma apresentação escrita por algum poeta mais experiente (no meu caso, Marcelo Reis de Mello, que é também um dos editores da coleção). Assim como os outros, meu livro foi costurado e encadernado manualmente em papel kraft, em uma edição pequena e limitada. Após o lançamento, será possível baixá-lo no site da editora (os outros títulos da coleção já estão disponíveis): http://editoracozinhaexperimental.blogspot.com.br/
A maioria dos poemas (se é que podemos chamar estes textos assim) foram escritos entre 2009 e 2010 (apenas um é de 2013). São da época em que atualizava semanalmente meu blog pessoal, Somesentido, e o coletivo do qual participava, Desce Mais Um, e, portanto, foram originalmente postados nesses espaços. As versões para o livro sofreram algumas modificações, ainda que preservem o espírito das originais.



Embora não sejam exatamente poemas, também não são contos. Foi o que tive em mente quando submeti meu material à editora: enviar textos que estivessem no meio do caminho entre as duas coisas. Em sua maioria, poemas disfarçados de contos e contos disfarçados de poemas (embora alguns como "Coisas Mundanas" e "Amor Profundo" possam ser considerados poemas mais tradicionais).
Estão incluídos alguns dos meus textos mais antigos, como "O Sol é o Sol" e "Poema Redundante", e alguns dos mais radicais/experimentais, como "Sobre o Holocausto, Ornitorrincos, Receitas e a Economia Chinesa" (uma espécie de colagem feita a partir de textos retirados da internet e posteriormente modificados por mim) e "Cenas Cotidianas" (um exercício de escrita quase oulipiano cuja regra seria escrever a coisa mais estapafúrdia e sem sentido possível que eu conseguisse).
Por causa da época em que a maior parte dos textos foi escrita (além da motivação por detrás deles), a sensação é de se estar lançando não um terceiro livro, mas uma espécie de livro número zero. Alguns dos textos são contemporâneos ou até anteriores aos do meu primeiro livro, Festa na usina nuclear (com o qual o novo dialoga mais do que com o meu segundo, Um homem burro morreu), além de terem certa aura de brincadeira e de descompromisso total com qualquer coisa, talvez por nessa época ainda não me ver como escritor (sensação que de certa forma nunca foi embora totalmente). Vejo Rafael Sperling | Coleção Kraft como uma amostra variada da minha escrita, um conjunto de experiências e brincadeiras literárias, provavelmente meu livro mais pessoal e iconoclasta, um retrato de alguém descobrindo a escrita e se divertindo um bocado enquanto faz isso.


Título: Rafael Sperling | Coleção Kraft
Autor: Rafael Sperling
Páginas: 68
Preço: R$ 25,00
Editora: Cozinha Experimental
Para comprar: cozinhaexperimental@hotmail.com
 

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Crítica sobre o livro:
"Os hamsters dançam na floresta", por Sérgio Tavares
https://anovacritica.wordpress.com/2016/11/11/dancando-com-hamsters-na-floresta/
"Sperling é um autor peculiar, que não precisa se encontrar com nenhuma corrente. Tem assinatura."


terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Um homem burro morreu - resenhas, matérias e entrevistas


Como fiquei séculos sem postar nada no blog (até ontem), reuni neste mega post tudo que foi publicado sobre meu livro mais recente, Um homem burro morreu. A repercussão foi ótima, com várias resenhas, matérias e entrevistas.

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 Edit: Março/2015
Publicação na Espanha
Um Homem Burro Morreu teve os direitos vendidos para a Espanha, e será publicado pela editora Maresia Libros.

PublishNews: http://www.publishnews.com.br/materias/2015/11/16/made-in-brazil

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Em abril (antes do livro sair), a Folha de S. Paulo publicou o conto inédito "Caetano Veloso se prepara para atravessar uma rua do Leblon".







Link:
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2014/04/1438917-caetano-veloso-se-prepara-para-atravessar-uma-rua-do-leblon.shtml


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Em junho, a Folha publicou uma resenha sobre "Um homem burro morreu", escrita por Ciro Pessoa. 

Link:
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2014/06/1466315-critica-autor-rafael-sperling-faz-oposicao-ao-esteticamente-correto.shtml
(ou no blog pessoal do Ciro: http://bloguedopessoa.tumblr.com/post/100672689346/sperling-faz-oposicao-ao-esteticamente-correto)

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João Paulo Cuenca comentou o livro no programa Estúdio i, da GloboNews, em 17/07/14 (agradeço muito a ele)



Link: https://www.youtube.com/watch?v=4By-8utJYJM


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A Gazeta (Vitória/ES) publicou uma matéria matéria escrita por Leandro Reis em 14/07/14 (como não há link, coloquei o texto no final deste post)









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O Estado de Minas publicou uma resenha escrita por André di Bernardi Batista Mendes em 19/07/14 (como não há link, coloquei o texto no final deste post)










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O canal "Vamos falar sobre livros?" fez um video falando do livro:



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O canal Livrogram fez um video falando do livro:



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O canal "Leitor ao acaso" publicou dois vídeos sobre o livro. Um com leitores comentando a leitura, e outro com a leitura de trechos.






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Saraiva Conteúdo

1) Matéria sobre o livro no Saraiva Conteúdo.




  Link: http://www.saraivaconteudo.com.br/Materias/Post/58714


2) Em uma matéria sobre contistas, tive a sorte de ser citado pelo André Sant'anna, que respondeu à pergunta "O que ler e por onde começar?" da seguinte forma: “Rubem Fonseca é um ótimo início; ele é um mestre do conto brasileiro e continua produzindo até hoje – aliás, o último livro de contos dele, Amálgama, é excelente. Também gosto muito do Kurt Vonnegut Jr., Jorge Luis Borges, Sérgio Sant’Anna e Rafael Sperling, um escritor da nova geração.”
Link: http://www.saraivaconteudo.com.br/Materias/Post/58091]


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Resenha no Le Monde, por Godofredo de Oliveira Neto.
http://www.diplomatique.org.br/resenhas.php?edicao=85







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Entrevista para o Portal Vírgula, por Fabiano Alcântara
http://virgula.uol.com.br/diversao/literatura/tento-desconcentar-diz-rafael-sperling-aposta-da-nova-literatura-brasileira 



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Um homem burro morreu na Revista Seleções (Reader's Digest) de agosto, na seção Livros, da Claudia Nina.









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Na parte de livros da revista Rolling Stone.
http://rollingstone.uol.com.br/guia/livro/um-homem-burro-morreu/










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Resenha escrita por André de Leones para o Estadão
Link: http://cultura.estadao.com.br/noticias/literatura,rafael-sperling-ilustra-muito-bem-a-distopia-nossa-de-cada-dia,1563103


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Ronaldo Bressane me entrevistou para essa matéria na Revista Status.













Link: http://www.revistastatus.com.br/2014/12/23/garoto-esperto/



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Nos lançamentos d'O Globo, no caderno Prosa.




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Resenha no jornal Rascunho - por André Argolo
http://rascunho.gazetadopovo.com.br/ao-nivel-do-chao/







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Resenha no Jornal Opção - por Sérgio Tavares
http://www.jornalopcao.com.br/opcao-cultural/vida-como-ela-e-25082/







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Michel Laub me deu uma força duas vezes (agradeço muito a ele): 
1) Indicando o livro em seu blog:
https://michellaub.wordpress.com/2014/09/13/fim-de-semana-152/

2) Me indicando para participar do Antessala das Letras. Nesse projeto, um escritor já consagrado recomenda um escritor iniciante. Na publicação, dois contos de Um Homem Burro Morreu e uma ótima ilustração de Gustavo Malucelli:
http://www.antessaladasletras.com.br/dois-contos/

(Aqui, uma matéria da MultiRio com depoimento meu falando sobre o Antessala das Letras: http://www.multirio.rj.gov.br/index.php/leia/reportagens-artigos/reportagens/8464-jovens-escritores-consolidam-trabalhos-pela-internet)


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O jornalista Fabiano Alcantara publicou um dos contos do livro, "Jesus Cristo espancando Hitler", no portal Outras Palavras, na seção "Vale a pena ler primeiro":
http://outraspalavras.net/destaques/ler-primeiro-jesus-cristo-espancando-hitler/

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A Estante Virtual publicou em seu blog um dos contos do livro, "Manual Básico para".
http://blog.estantevirtual.com.br/2015/03/17/manual-basico-para/

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Resenhas em blogs/sites:

1) Bagaceira Talhada - por Kaippe Reis
http://bagaceiratalhada.com.br/li-e-recomendo-um-homem-burro-morreu/

2) Angústia Criadora - por Ney Anderson
http://www.angustiacriadora.com/2014/07/25/cleyton-cabral-e-rafael-sperling-lancam-livros-onde-a-ironia-e-importante-para-o-entendimento-humano/ 

3) Café com Traça - por Eder Alex
http://cafecomtraca.blogspot.com.br/2014/10/um-homem-burro-morreu-rafael-sperling.html

4) Ambrosia - por Fernando Andrade
http://ambrosia.com.br/literatura/curto-circuito-sentido-2/

5) Mundo de K - por Alexandre Kovacs
http://mundodek.blogspot.com.br/2015/03/rafael-sperling-um-homem-burro-morreu.html#.VSwVJPBhS8F

6) O hoje comeu o ontem - por Flavio Quintale
http://ohojecomeuoontem.blogspot.com.br/2015/08/espancando-o-leitor-esquartejando.html

7) Boletim Leituras - por Marco Aurélio de Souza
http://www.boletimleituras.com.br/?p=9971


Uma indicação de leitura no blog Kakaos, do site O Esquema
http://www.oesquema.com.br/kakaos/2014/12/04/kakaos-bag-12/

Teve também indicação do Luiz Biajoni em entrevista para a revista Eels
"(Um homem burro morreu) É a coisa mais maluca que você vai ler em língua portuguesa em muito tempo. São contos surreais, despirocados, escatológicos, uma coisa horrível mesmo. E, por isso, divertidíssimo."
http://www.literatsi.com/entrevista/luiz-biajoni/


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Melhores do Ano

E fechando o post: Um homem burro morreu chegou a aparecer em algumas listas de "melhores do ano".


1) No A Tribuna (Santos/SP) Alfredo Monte diz que Um homem burro morreu foi "o melhor livro de contos deste ano".











Pode ser lido no blog do Alfredo (já que não existe versão online da matéria): https://armonte.wordpress.com/2014/12/30/livros-de-2014/


2) Nos melhores do ano no Ornitorrinco (Carlos H. Schoreder escolhe o livro, e Michel Laub cita meu lançamento)
http://www.ornitorrinco.net.br/2014/12/melhores-leituras-em-2014.html (link original morreu) 
https://ornitorrincozine.wordpress.com/2014/12/10/melhores-leituras-2014/ 

3) Nos melhores do ano no blog do André de Leones
http://vicentemiguel.wordpress.com/2014/11/27/livros-2014/

4) No "Best Brazilian Reads 2014" do blog Gringa Reads, blog da tradutora Zoe Perry
http://www.gringareads.com/2014/12/17/favorite-brazilian-reads-in-2014/

5) Nos melhores lançamentos do ano no Angustia Criadora
http://www.angustiacriadora.com/2014/12/30/melhores-lancamentos-do-ano/

6) Nas recomendações de natal do Casmurros (não é exatamente uma lista de "melhores do ano", mas tá valendo), sendo citado como "o livro de contos mais inclassificável que já tivemos notícia".
http://blogcasmurros.blogspot.com.br/2014/12/presentes-de-natal-2014.html

7) Nos livros que se destacaram em 2014, da revista Eels
http://www.literatsi.com.br/materia/livros-que-se-destacaram-em-2014/

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(texto das resenhas para A Gazeta e Estado de Minas)
 

Jornal A Gazeta (Vitória/ES), 14/07/14
Pílulas surreais para um cotidiano absurdo 
(por Leandro Reis)
“Um Homem Burro Morreu”, de Rafael Sperling, provoca riso desconcertante no leitor 

O assunto é tão antigo que Machado de Assis, em 1873, disse em sua coluna no periódico “Novo Mundo”: “É um gênero difícil, a despeito da sua aparente facilidade, e creio que essa mesma aparência lhe faz mal, afastando-se deles os escritores, e não lhe dando o público toda a atenção de que ele é muitas vezes credor.” 

Machado falava dos contos, forma por vezes vilipendiada em favor dos romances, sobretudo, embora uma nova safra de escritores brasileiros venha lançando bons livros de narrativas curtas. O carioca Rafael Sperling é um deles, autor do recém-lançado “Um Homem Burro Morreu”. A obra, além do “problema” intrínseco sobre o qual falava Machado, tem em seus tecidos uma suposta barreira: a escatologia.

Os contos desse hilário e surpreendente livro viajam por situações estapafúrdias quase a todo momento, a exemplo de uma história sobre Caetano Veloso atravessando uma rua do Leblon – episódio corriqueiro que virou foco de deboche após uma notícia de um site de fofocas sobre o ocorrido –, que aos poucos se transforma em uma distorção da realidade, mas que parece palpável a cada linha.

Ou, ainda, quando Sperling fala sobre a perigosa beleza de Branca de Neve, que atrai anões tarados e um príncipe necrófilo. Pior: uma criança entre os violentos orgasmos de seus genitores. Pior ainda: um homem tão burro ao ponto de não conseguir ligar a sua torradeira e, por isso, morrer.
“Seria isso motivo para rir? Em geral não, mas por algum motivo as ‘pequenas tragédias’ alheias têm algo de cômico”, comenta Sperling. “E por mais que as situações mostradas no livro possam ser absurdas (e muitas vezes fisicamente inconcebíveis), elas de certa forma emulam o que o nosso mundo real tem de doente. Enxergamos ali um pouco da nossa vida, só que transfigurada e distorcida.”

Em suma, o surrealismo de Sperling é tão fora da curva que acaba fazendo sentido em mundo organizado de forma absurda. “Não que eu ache que o real não possa ainda funcionar como narrativa. Simplesmente não vejo muito por que narrar num registro muito realista. Fazer o real na ficção é algo sempre impossível, pois por mais que se aproxime do que chamamos de real, na verdade será apenas uma versão romanceada da realidade”, diz.

Coloquial 

A linguagem do autor, todavia, é “real”, isto é, não apela para o hermetismo que a confusão do mundo denota. Sperling é coloquial, mordaz e não precisa de grandes palavras para descrever grandes ocasiões. Não há acrobacias com o vernáculo.
“Embora as duas coisas andem juntas, na verdade a minha preocupação é muito maior com a linguagem em si do que com o conteúdo”, explica o autor. “Não que o conteúdo não seja importante, mas dou mais valor para a maneira de dizer as coisas, e por isso acho que o que faço tem certa ligação com a poesia.”
Nesse sentido, Sperling aproxima o nonsense do leitor por meio da linguagem ordinária. Por isso, também, “Jesus Espancando Hitler” e o fétido lar de Dante Alighieri parecem tão comuns a nós.

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Jornal Estado de Minas, caderno "Pensar", 19/07/14
A burrice não tem fim
(por André di Bernardi Batista Mendes)

Elogiado por grandes nomes da literatura como João Gilberto Noll, Marcelino Freire e Paulo Scott, o jovem carioca Rafael Sperling acaba da lançar, pela Editora Oito e Meio, seu segundo livro, Um homem burro morreu. Nas 27 narrativas breves da obra, o escritor conduz o leitor por um ambiente aonde reina o grotesco, a violência extrema, o sexo, o absurdo cotidiano, a aniquilação. Sperling mostra uma linguagem simples, corajosa, profundamente melancólica.

Os pequenos textos chegam carregados de relâmpagos. Em “O juiz que queria ser artista plástico”, por exemplo, a narrativa gira em torno de um meteorito que destrói o mundo, enquanto um juiz de futebol que gostaria de ter sido artista reflete sobre sua vida. Tudo o que resta da humanidade após o impacto é a malograda escultura de um atleta que o artista fracassado pretendia finalizar. Já no conto “Banho”, Rafael atira sua flecha certeira ao questionar: “Como saber se já terminamos o banho? É difícil saber se já terminamos de forma satisfatória o banho. Certa vez, um homem morreu tomando banho: ficou tanto tempo lá dentro que derreteu”.

Rafael Sperling está longe de alcançar a sobriedade, o “estilo”, a fúria nada sutil de um Rubem Fonseca. Mas ele parece que sabe disso e, o que é melhor, não está nem aí, ele gosta e aproveita dessa situação para ser ele mesmo, para, meio brincando, malcriadamente mostrar que, aos poucos, pode também ocupar o seu lugar na literatura contemporânea. Rafael sabe, como poucos, que o mundo em que vivemos é estranho, é absurdo demais para flores e floreios. O nosso lugar é, ao mesmo tempo, incongruente e lírico, feio e bonito, muito mais feio, em certo senti- do, que bonito. Rafael não tenta conciliações. E é inevitável, em cada texto Rafael deixa uma certa crítica ácida, instantânea.

É justamente no subterrâneo, é no submundo que o mundo, que a vida propriamente dita acontece de forma mais contundente. É justamente no subterrâneo, é dos porões que surgem as melhores ideias de revolução e movimento. É corriqueiro, sementes precisam de água, mas antes disso as danadas chafurdam, deterioram-se, apodrecem no escuro, com ânsias de céu e sol.

As coisas simples, aquelas que quase não existem, gozam deste privilégio que só o submundo oferece, de mão beijada. É no fundo do poço que surgem os melhores sonhos, ou, pelo menos, os mais verdadeiros. É justamente no subterrâneo que o real ganha ares de realidade, é ali que ele se sobressai, é ali que o real tem a chance de mostrar a sua face perversa, a sua face mais dura, que antecede os não menos verdadeiros traços angelicais que porventura surgem. Bem antes da beleza do jardim existem abismos de fel e feiura.

Partindo desse cenário, Rafael Sperling inventa os seus contos, mostra “uma visão feroz da experiência de se estar vivo”, como disse João Gilberto Noll sobre o jovem escritor. Sperling parte do feio, onde nada é limpo e sustentável, onde quem porventura escreve brinca de garranchos com o auxílio nada luxuoso dos erros.

Toda ironia é furiosa. Ou pelo menos deveria vir carregada destas demasias, destas destemperanças. Rafael Sperling está no mesmo barco, no mundo contemporâneo, um lugar que ainda vive cheio de nódoas num breu de broncas. Tudo que respira conhece de perto a força da violência, do exagero, do desconcerto. Quem vive morde para ser mordido. É isso que tanto enxerga Rafael Sperling. “Nunca estamos limpos o bastante”, “todo mundo já nasce sujo para o mundo”, e chorando horrores. São apenas palavras. Rafael escreve sentindo o cheiro, escreve diante da assepsia dos banheiros públicos.

Rafael percebe um vento que sopra, sempre, para o mesmo lado. Além da raiva e da tristeza, existem por aí rodas-gigantes e carrosséis, pensamentos e pouca ação. Rafael escarnece, ri do esforço de presidentes e presidenciáveis, ri do esforço dos atletas, ri do esforço das mulheres diante do espelho. Rafael carrega nas tintas e pesa sua mão em cima de histórias banais, aparentemente banais e sem sentido, histórias de esporros, raposas e codornas, chás e xícaras, passando pelas fezes do poeta Caetano Veloso. É impróprio para menores o universo de símbolos e signos criados por Rafael Sperling.

INCERTEZAS

Para o filósofo alemão Friedrich Nietzsche, o sofrimento é, antes de tudo, necessário. Sem ele não há sucesso. Para ele, existe a montanha e o topo da montanha. E no meio de tudo, nesse périplo de só subidas, pedras, abismos, circunstâncias, desvantagens. Portanto, não existe um caminho reto até o céu. Rafael fala sobre tantos desvios. Mas, contudo, é preciso, é importante imaginar, fabular para descrer dos malefícios. O Brasil é um país bom para as crianças, é um Brasil de poetas, engenheiros, professores. É bom imaginar para enganarmos, para não termos medo de ruas e viadutos, para não termos medo da patuleia.

É o medo, é a incerteza que inaugura e fecha, sem grande estilo, todo ciclo. Ser ou não ser, eis uma pergunta ridícula, circular, imprópria, boba e desnecessária. É como questionar o lirismo dos cães, é como questionar a chuva, todos os relâmpagos e principalmente as intempéries. Ficamos, sempre, ignorantes, muito aquém de tudo, emporcalhados, com cara do bobo e nariz de palhaço.

Por que só as mulheres usam pantalonas? Por que só elas têm a letra bonita? São perguntas pertinentes que alguns estúpidos, no fundo do poço, fazem. Mas, contudo, a beleza, existe a beleza, a crueza do preto e branco, a literatura, os livros, que salvem um tanto bom. Alguns escritores parecem que já nascem bêbados. Rafael Sperling tomou dos melhores vinhos.

Nascido em 1985, no Rio de Janeiro, Rafael Sperling é escritor, compositor e produtor musical. Seu primeiro livro, Festa da usina nuclear, de 2011, também recebeu elogios da crítica especializada. Suas histórias já foram publicadas em sites, revistas e jornais literários nacionais e foram traduzidas para o inglês, espanhol, francês, alemão, basco e catalão.