sábado, 24 de outubro de 2009

Não pode, é fisiologicamente errado.

O menino de 3 anos estava entediado em casa, procurando algum filme para ver. Fuxicou nos DVD's de seu pai e encontrou o que parecia ser alguma espécie filme que ele nunca havia visto. Não sabia se era uma comédia adolescente ou um filme de aventura. Se chamava "CRAZY ANAL SEX ADVENTURES 5", embora ele não tivesse a menor ideia do que, realmente, aquilo queria dizer.


E tinham umas mulheres de biquine e uns caras de sunga na capa. Eles pareciam estar se divertindo na capa. Talvez fosse um filme sobre as férias daqueles caras de sunga e daquelas mulheres de biquine. Ele achou engraçado que todas as oito mulheres que apareciam na capa exibiam seus traseiros, projetando-os para frente, talvez elas quisessem fazer cocô. Os traseiros eram grandes. Não lembrava de ter visto nenhuma menininha da escola com uma bunda tão grande. A bunda da tia Glorinha era grande mas não se parecia muito com as bundas daquelas mulheres de biquine.


Ele foi até a sala e colocou o DVD no aparelho que toca DVDs. Ele tinha aprendido a mexer nesse aparelho recentemente. Apertou PLAY.


O filme começou. Parecia que suas expectativas estavam certas. Haviam vários caras de sunga e mulheres de bundas grandes com biquines. Eles se divertiam bastante. E ficavam nadando numa piscina enorme, fazia muito sol. Devia estar fazendo muito calor, pois os homens ficavam esfregando gelo nos corpos das suas amigas, para que elas não ficassem mais suadas, além de ficarem bebendo uns sucos de várias cores, alguns deles ficavam espumando. E eles também deviam estar com fome, só que só tinha creme de chantilly e mel. Aí, eles colocavam o mel e o chantilly, uns nos corpos dos outros, os homens de sunga nas mulheres de biquine, e aí eles ficavam lambendo, pois eles esqueceram de levar colheres para poder comer direito.


Então começaram a acontecer umas cosias estranhas. Bom, talvez fosse o calor. Todo mundo começou a tirar as sungas ou os biquines. As mulheres além de possuírem bundas enormes, tinham os peitos muito grandes. Deviam estar amamentando, só que deixaram os filhos em casa quando foram passar as férias com os caras de sunga. E os caras de sunga tinham uns pintinhos muito grandes. Tavam mais para "pintões". Nem ele, nem nenhum amiguinho seu tinha um pintinho tão grande como os daqueles caras, talvez fosse alguma espécie de deformação.


E essa deformação devia deixá-los com um sabor agradável, pois a mulheres ficavam chupando e lambendo, que nem um picolé. E elas ficavam olhando fixamente para os caras enquanto lambiam os pintões. Elas também ficavam mexendo pra cima e pra baixo nos pintos, bem rápido. Será que elas queriam beber o xixi deles? Vai ver que era isso. Aqueles sucos deviam ter acabado, e elas estavam tentando extrair o xixi dos caras que não estavam mais de sunga, para que todos pudessem bebê-lo. Depois de um certo tempo sacudindo e lambendo os pintos, saiu creme de leite. Ou então era o chantilly que eles haviam comido, só que meio digerido já, então ficava escorrendo pela cara das moças, que comeram tudinho, nem deixaram um pouco pros homens.


Aí o menino depois de ver esse trecho do filme acabou ficando com fome e foi para a cozinha beber um suco e comer frutas com creme de leite.


Quando ele voltou tinha começado uma parte nova do filme. O pinto de um dos caras tinha ficado enorme, ocupava quase a tela toda. Deve ser por que uma das mulheres sugou tão forte que ele esticou e aumentou. O pintão se aproximou de algo que parecia ser um fosso, uma cratera lunar, um buracão. E ele mergulhou lá dentro. E saiu. E mergulhou. E saiu. Muitas vezes. Aí, finalmente, apareceu a cara do dono do pintão. Ele estava feliz. Então a câmera mostrou que aquela cratera, na verdade, era a perereca da moça.


Ele ficava colocando e tirando muito rápido, e a moça fazia uma cara de que estava doendo, ficava gritando umas coisas. Parecia que ele torturava a moça. Então a câmera mostrou que os outros homens e mulheres também estavam fazendo a mesma atividade de mergulhar o pinto na perereca.




Foi aí que o cara resolveu mergulhar o pinto no bumbum da mulher. O que era estranho, pois geralmente, o que sai do bumbum é cocô. Talvez isso tivesse alguma relação com a capa do filme, que mostrava as moças exibindo suas bundonas. Vai ver que elas estavam querendo demonstrar interesse em os caras mergulharem os pintos dentro das suas bundas. Apesar disso parecer estranho.


E as moças começaram a gritar muito, elas sofriam de uma forma incrível, mas os homens não paravam, não paravam. Estavam todas as mulheres e todos os homens gritando muito, estavam todos sofrendo desesperadamente. Acho que o diretor estava querendo fazer uma metáfora do sofrimento da vida, do que é viver no planeta Terra, da nossa condição humana de existência. Era uma imagem um tanto perturbadora, muito bem bolada. Talvez o diretor fosse indicado ao Oscar.


Então a porta de casa se abriu e o pai do menino viu o menino vendo o filme do diretor que representava simbolicamente o sofrimento do mundo com pessoas na piscina de uma casa de praia bebendo sucos e comendo mel e chantilly e brincando de mergulhar os pintinhos que são pintões dentro das pererecas e dos cuzinhos que viraram cuzões das moças que ficaram sofrendo muito com isso, assim como as pessoas da humanidade sofrem e gritam de desespero, que nem as moças e...


-O que você está fazendo?

-Vendo esse filme que achei no seu quarto. Não entendi direito.

-Ehr...

-Por que eles ficam fazendo isso com as moças? - apontou para a tela que mostrava algo que lembrava uma cobra gigante entrando numa cratera de Júpiter.

-Isso se chama sexo, filho.

-Ah, é? E pra que serve o sexo? Pra que ficar botando o pinto no bumbum das moças?

-Olha, é um pouco complicado. Veja bem: eu fiz sexo com a sua mãe, aí você nasceu.

- ...Então eu saí pelo bumbum da mamãe? Você ficou torturando ela que nem esses homens, e aí eu apareci? É assim que termina o filme? Saem várias crianças pelas bundas das moças?

-Não, eu fiz sexo apenas pela vagina de sua mãe, que foi por onde você saiu.

-Ah, sim, pois aí dói menos nela, né?

-Não, não dói, filho. Na vagina não.

-Então por que eles estavam fazendo no bumbum das mulheres?

-Por que tem gente que gosta.

-Que tipo de gente que gosta?

-Gays, por exemplo.

-O que são gays?

-São meninos que transam com meninos.

-Hum, como eu sei se eu sou gay?

-Imagino que você não seja!

-Bom, mas eu nunca transei com meus amigos!

-Não faça isso, não vai ser bom.

-Ah, claro, vai sair um filho meu, né?

-Não, já te disse que filho sai pela vagina.

-Mas homens não tem vaginas, logo o filho sai pelo cu.

-Não, homens não podem ter filhos. É fisiologicamente impossível.

-Ah... claro - disse o menino fingindo que sabia o que "fisiologicamente" queria dizer.



No dia seguinte, na escola.


-Fizeram a atividade que pedi? Quem quer falar sobre o filme que viu ontem? - disse a professora.

-Eu quero. Ontem vi um filme muito bonito, que ensinava as pessoas a não fazerem sexo pelo cu, apenas pela vagina, por ser fisiologicamente melhor e por que pelo cu não sai criança, apenas cocô, e se você fizer sexo pelo cu, por ser fisiologicamente ruim, uma criança fisiologicamente ruim vai nascer, uma criança feita de cocô, e ninguém quer ter um filho feito de cocô, e sim de carne, por ser algo mais agradável, além de que as mulheres sofrem e gritam quando fazem o sexo fisiologicamente errado e os homens ficam gritando também e dando palmadas nas mulheres, todos juntos, todos os caras da casa de praia ficavam gritando e batendo nas bundas das mulheres e as mulheres lá, todas sofrendo, prestes a ter um filho de cocô, e os caras jogando chantilly nelas e lambendo e jogando mel e lambendo, e transando pelo cu e colocando chantilly e mel no cu e chupando o cu das mulheres e as mulheres chupando o pinto dos caras e os caras novamente fazendo o sexo pelo cu das mulheres que tiveram o cu chupado e os caras botando chantilly e mel e não chupando e fazendo sexo com chantilly e cocô e mel e o sofrimento das mulheres e o sofrimento da humanidade retratado nos rostos das mulheres e no sexo anal e a casa de praia simbolizando a humanidade e os homens sem sunga e as mulheres sem biquine simbolizando os seres humanos que sofrem e que fazem o sexo errado, por que ninguém ensinou pra eles que pelo cu é fisiologicamente errado.

-Sei.

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Este texto foi inspirado em algumas obras de André Sant'anna, especialmente nos contos do livro "Sexo e Amizade", e na prosa poética de "Amor".

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Esse é O Texto é Meu Deus que Belo Dia

Estava um dia bonito dia para passear pelas ruas podres tão podres que nos deixam enjoados demais para passear é algo que me agrada muito desde a mais tenra idade é algo que me trás lembranças boas são aquelas que não nos esquecemos das coisas importantes e lembramos sempre das coisas ruins enquanto as boas ficam marginalizadas dentro dessa sociedade injusta é a pessoa que não perdoa o erro de outra vez tentei consertar minha televisão é uma coisa insuportável demais aturar o meu vizinho que grita o dia todo com a mulher dos meus sonhos vai ter que passar o dia na cozinha um bife pra mim que eu to com fome acho que vou sair pra comer alguém de vez em quando é importante a gente não lembra só quando não importa o que você diga eu te odeio ter que trabalhar nos feriados eu gosto de ficar fazendo inutilidades não se chega a lugar nenhum vai te aceitar dessa maneira onde já se viu alguém que não olha nos meus olhos quando me cumprimenta merece todo o respeito do mundo por ser tão escroto as pessoas o detestam pessoas tímidas pois se passam por metidas para que ganhem o respeito dos especialistas em filmes orientais são muito legais especialmente as sequências de porradaria foi generalizada no jogo do flamengo só tinha gente feia e fedorenta já basta a minha bunda é linda parece de bebê eu não tenho nada já vi de tudo nessa vida a gente tem que ralar se quiser chegar na praia de botafogo fica pertinho daqui é só virar a casaca é decepcionante não é descobrir que você é falsa e mentirosa é a pessoa que diz ser sua amiga na hora que você tenta comer mas na hora que tá matando cachorro à grito vem te dar um abraço de boas vindas depois de muitos anos de ausência voltei pra casa e encontrei minha família toda estava reunida na noite de ontem ouvi uns tiros aqui na minha rua tem uma loura muito gostosa aquela torta é de chocolate tudo que é bom e engorda muito beber e comer ao mesmo tempo eu te considero um cara maneiro embora não concorde com o que você fez foi espetacular salvar o bebê dos trilhos do trem vem de minas gerais pois todos os trens são meios de transporte incríveis pena que no rio de janeiro só tem gente metida prefiro o pessoal do interior é de onde saem esses sentimentos todos que derramei em sua cabeça um pote de feijão foi mal gerado e nasceu deformado cheio de cartilagem essa carne que nojo morder essas coisas duras de aguentar como ver criancinhas sendo espancadas por policiais são pessoas ótimas tenho um amigo sargento me disse que estava fazendo parte do tráfico de armas uma barraca no meio da floresta para acampar é uma atividade de contato com a natureza é algo que odeio assim como mosquitos que caem no meu leite não posso evitar de olhar para os seus seios ele são enormes assim como suas coxas estão muito bem cozidas e com um aroma ótimo para jogar no lixo está horrorosa essa sua combinação de roupas parece uma puta merda esqueci de fechar o gás do banheiro do meu prédio não dá pra ver muita coisa além de uma parede branca. Não, obrigado, já almocei.

domingo, 4 de outubro de 2009

A Encenação das Laranjas

Telco e Piló resolveram ir à feira roubar laranja. Combinaram de encenar a morte de Piló, que distrairia a multidão enquanto Telco roubasse as laranjas.


Chegando na feira, Piló inicia a encenação dando um grito agudo e levando as mãos ao peito, enquanto cambaleia derrubando algumas barracas.


A multidão, sensibilizada, resolve acudir Piló. Enquanto a encenação ocorre, Telco caminha até a barraca das laranjas e coloca várias dentro de sua bolsa.


Como a encenação está sendo um sucesso, Telco resolve roubar mais algumas frutas, afinal de contas, já tem gente até ligando para o hospital. Estão todos entretidos com a morte encenada por Piló. Não é todo dia que morre alguém na feira.


Quando sua bolsa começa a ficar pesada demais, Telco resolve dar por terminado o trabalho, e caminha em direção a Piló.


Chegando perto de Piló, Telco lhe diz que já não precisa mais encenar, que ele deve terminar a encenação da maneira previamente combinada.


Mas Piló não responde e Telco entra em pânico, pois percebe que Piló está realmente morto.
Telco chora alto e escandalosamente. Acabara de perder seu parceiro de encenação.


Mas logo em seguida, Piló se levanta e diz que estava apenas encenando. Telco encena que estava apenas encenando também, para que as pessoas em volta acreditassem mais ainda na encenação de Piló. Telco encena uma risada forçada e se vira para as pessoas da feira dizendo que está tudo bem, que Piló estava só brincando. As pessoas da feira, temendo parecerem idiotas por acreditarem na encenação ridícula de Piló, encenam dizendo que estão felizes por Piló não estar morto.


Telco e Piló começam a caminhar para longe da multidão quando o vendedor da barraca de laranjas os chama. O vendedor encena que está achando estranho que todas as laranjas de sua barraca sumiram depois da encenação da suposta morte de Piló. Telco encena rindo e dizendo que não vê nenhuma ligação entre os dois acontecimentos. O vendedor encena que acredita na encenação de Telco e os convida a procurar as laranjas com ele. Telco encena que estão com pressa e que eles não poderão o ajudar. O vendedor, por ser mais fraco e baixo que Telco, encena dizendo que acredita no que ele diz, com medo de enfrentá-lo.


Então o filho do vendedor, que é mais forte do que Telco e Piló juntos, e mais alto do que Telco e Piló um em cima da cabeça do outro, encena que acredita neles. Mas pede para que Telco abra a sua bolsa, mostrando que eles nada tem a ver com o sumiço das laranjas. Telco e Piló encenam um riso forçado e dão tapinhas no ombro do vendedor, dizendo que o filho dele é muito temperamental.


O filho do vendedor começa a ficar nervoso e então Piló encena o abraçando e dizendo que está tudo bem, que eram apenas algumas laranjas. O filho do vendedor, com medo de parecer idiota para o resto das pessoas da feira, encena que está tudo bem e que está gostando do abraço de Piló.


Mas aí, aparecem mais 15 vendedores dizendo que suas frutas também sumiram. Eles não encenam, e dizem acreditar que Telco e Piló são os responsáveis pelo sumiço de todas as frutas. Telco não encena e pede para que todos fiquem calmos, enquanto Piló não encena e diz que está se sentindo mal.


Piló não encena e desmaia de nervosismo. Telco não encena e grita que eles estão matando Piló. Mas os vendedores dizem não acreditar em Telco, pois, pouco antes, Piló estava encenando que morria, e portanto, não havia porque acreditar nele agora.


Telco se desespera e grita que se eles continuarem a acusá-los, Piló irá morrer. É aí que então Piló cai duro no chão. Todos se assustam. Telco examina Piló.


Ele não encena e grita, com lágrimas nos olhos, que eles mataram o seu amigo. Os vendedores encenam e dizem que eles nada tem a ver com o acontecido. Telco pede para que eles o ajudem a levar Piló a um hospital, mas os vendedores encenam que estão com pressa e dizem que não podem ajudar. Telco, por ser mais fraco e em menor número que os vendedores, encena dizendo que acredita no que eles dizem, com medo de enfrentá-los e que descubram que ele realmente havia roubado as laranjas.

(...)

Duas horas mais tarde, em casa, tomando suco de laranja:

-Me assustou, realmente pensei que você tivesse morrido ali.
-Eu também. Às vezes é difícil dizer se algo foi encenado ou não. O limite da encenação ou não-encenação está nos olhos de quem vê, e não na mente de quem encena.