domingo, 20 de novembro de 2011

Lançamento na Balada Literária e CEP 20.000

Pessoas,

Hoje estarei lançando em São Paulo, na Balada Literária, a nova edição do meu livro Festa na Usina Nuclear. Além de uma pequena revisão na ortografia e na diagramação, a nova edição recebeu em sua quarta capa comentários de escritores que muito admiro:

"Rafael Sperling escreve sem medo de errar, na verdade, escreve sem medo algum, escreve com boas doses de criatividade e humor, penso que esse jovem escritor carioca tem o essencial inclassificável que, na tão falada trajetória do escritor, diferencia os que de fato (e para isso basta uma grande obra) podem um dia responder com ótimas histórias dos que falam em literatura apenas para se aventurar."
Paulo Scott

"Festa na Usina Nuclear é um livro ousado, uma visão feroz da experiência de se estar vivo."
João Gilberto Noll

"Os contos curtos, precisos, são bons de serem lidos, e o non-sense, beirando a ficção científica, me agradou bastante. Tenho a impressão de que ele escreve se divertindo muito com tudo aquilo, por outro lado, deve ser o oposto. Rafael tem uma mente fabulista, inventiva, muito interessante a sua literatura."
Ana Paula Maia

"Porra! A literatura, com o livro do Rafael, não está mesmo morta."
Marcelino Freire





Dia 30, no Espaço Cultural Sérgio Porto (Rio de Janeiro) farei uma participação no CEP 20.000, também para o lançamento da nova edição.


terça-feira, 1 de novembro de 2011

Escritor de Parede

(clique para aumentar)


Estarei participando da exposição poética/literária ESCRITOR DE PAREDE, que faz parte do projeto JUNTO, uma ocupação artística do Teatro Glauce Rocha (Rio de Janeiro).

A abertura é sexta, dia 4, às 18h. Ouvi dizer que vai ter caipirinha de graça...
À partir das 19h, shows de Mario Maria, Botika e Real Imaginário.

Além de mim, participam da exposição os autores Alice Sant'anna, Diana de Hollanda, Domingos Guimaraens, Ismar Tirelli Neto, Leonardo Villa-Forte, Ramon Mello e Sabrina Nóbrega.

Apareçam!

Página do evento no Facebook
http://www.facebook.com/event.php?eid=210564779013733

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Saindo da inércia

Algumas pessoas têm reclamado que eu não atualizo o blog mais, então aqui está: uma atualização.

Aqui vão alguns links recentes (ou não tão recentes assim) relacionados a mim:

1) Esse mês, meu livro está na "Prateleira Nacional" do Jornal Rascunho.

2)Antônio Xerxenesky cita meu livro em seu artigo no blog do IMS como "completamente desvairado"

3) No Cronópios, saiu esse mês o meu conto Certo dia, em algum lugar.

4)Já foram postadas aqui no blog, mas vale a pena repostar: duas entrevistas minhas, uma pro Cronópios e outra pro Saraiva Conteúdo.

5) Não tão recente, é este post no blog do Marcelino Freire, comentando meu livro.

É isso. Tentarei voltar a atualizar essa coisa aqui com mais frequência.
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terça-feira, 9 de agosto de 2011

Entrevista - Saraiva Conteúdo

Entrevista que dei para o Saraiva Conteúdo
http://www.saraivaconteudo.com.br/Videos/Post/330



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Muito legal também ficou o post no Blog do Homerix, falando sobre mim e meu livro, vale a pena conferir:
http://blogdohomerix.blogspot.com/2011/06/festa-na-usina-nuclear.html

Algo que foi postado há algum tempo, mas só encontrei agora, são dois posts do blog de Armando Antenore, editor da revista Bravo!, com trechinhos dos meus contos "Amores Efêmeros" e "Os Ensinamentos do Grande Sábio":
http://armandoantenore.com.br/index.php/blog/hoje-em-dia-ha-delivery-de-tudo-nao
http://armandoantenore.com.br/index.php/blog/nao-ha-ninguem-mais-sabio-do-que-um-sabio-minimalista

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quinta-feira, 30 de junho de 2011

Fotos do Lançamento


Demorou, mas aí estão algumas fotos do lançamento. O lançamento foi ótimo, gente pra caramba apareceu lá no Espaço Oito e meio. Nem esperava! E o pessoal destruiu tudo mesmo, as comidas, bebidas. Fiquei meio transtornado com tanta gente em volta de mim, querendo falar comigo, querendo a minha atenção, querendo se aproveitar sexualmente de mim, querendo fazer filhos comigo, até esquecia o nome de amigos próximos por causa da confusão; mas valeu a pena, foi uma experiência ótima, muito gratificante. Confiram aí.



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domingo, 12 de junho de 2011

Lançamento de "Festa na Usina Nuclear"

“Rafael Sperling (...) inventa a própria linguagem para explicar aquilo que só pode ser explicado por uma linguagem pessoal, única, do Rafael Sperling. Para mim, faz o maior sentido.”
(André Sant’Anna, escritor, na ‘orelha’ de Festa na Usina Nuclear)


Pessoas! Finalmente estou lançando o meu livro, "Festa na Usina Nuclear"!
O lançamento será próxima terça aqui no Rio de Janeiro, na Travessa dos Tamoios 32, Flamengo, às 19:30, no Espaço Oito e Meio, que estará sendo inaugurado com o lançamento.

Pra quem quiser ver, essa semana o escritor Marcelino Freire falou do meu livro em seu blog:
http://marcelinofreire.wordpress.com/2011/06/10/minha-usina-de-livros/

É isso aí, espero vê-los lá!

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sábado, 14 de maio de 2011

Um passeio até a farmácia

Após cometer suicídio, desci as escadas do prédio utilizando apenas os cotovelos e os joelhos. Fui até a farmácia mais próxima e perguntei se eles tinham algum remédio.

—Algum remédio? Mas aqui é uma farmácia, qual remédio você quer?
—Qualquer um.
—Qualquer remédio?
—Isso.
—Desculpe, mas nós não temos remédios aqui.
—Nenhum?
—Nenhum.
—Nem uma aspirina?
—Nem uma aspirina.
—Mas aqui não é uma farmácia?
—Sim.
—Então como não há nenhum remédio aqui?

Ele me respondeu entoando uma velha canção medieval que falava sobre os quasares e as constelações distantes, nas fronteiras do universo, e sobre como ele amava a arte de confeccionar cestos de vime.

Ao término da canção, que muito me emocionou, tentei falar sobre um episódio da minha infância que estava até então adormecido em minha memória, sobre quando tentei fugir do berço e acabei caindo de cabeça no chão, esmagando um besouro alegre e uma formiga melancólica. Mas, infelizmente, o atendente da farmácia já havia ingerido todas as aspirinas disponíveis ali, e estava a agonizar no chão. Como os outros presentes tentavam o ajudar, dançando de forma sexualmente provocante e pejorativa, resolvi me retirar da farmácia por motivos higiênicos e regenerativos.

Ao sair pela porta, tropecei na cabeça de alguém que procurava por lentes de contato, o que a fez rir de forma desorganizada e ambiciosa. Ela ria mexendo os dedos, como se estivesse imitando elefantes apáticos se locomovendo, mas logo tive de a abandonar.

Notei que havia uma moça muito bonita e jovem com um míssil enterrado em seu ânus. Ela ficava ligeiramente inclinada para frente, por medo de fazer algum movimento descuidado que o detonasse. Perguntei se queria ajuda e me respondeu que estava bem, apesar de não poder se mover e mal conseguir respirar por causa da dor. Tentei remover o míssil, mas por mais que eu puxasse, nada acontecia; do nada, a moça começou a chorar muito e a se esfacelar na minha frente. Ainda tentei pegar os seus pedaços que caiam no chão, e remontá-la, mas foi em vão, logo ela era um morrinho de areia gordurosa e onomatopaica. Enquanto eu tentava ainda interagir com o morrinho, um homem tentava a todo custo, me cumprimentar. Eu dizia a ele que estava ocupado, mas mesmo assim ele tentava me cumprimentar utilizando os pés, eu dizia "moço, estou muito ocupado, espere um instante", mas ele só gritava e chorava, enquanto estendia seu pé. Quando me irritei, cheguei bem próximo ao seu joelho e gritei:

—SOMOS UMA NAÇÃO DE MANEQUINS E DE FÁBRICAS DE MATERIAL INANIMADO. NÃO SE PODE MAIS CAMINHAR COM IRREVERÊNCIA PELAS RUAS. TEMO PELA MINHA FALTA DE FALSA MODÉSTIA. O QUE SERÁ DAS GERAÇÕES FUTURAS?

Um policial que andava fantasiado de microfone me notou enquanto eu falava com o joelho do homem, e me deu voz de prisão. Ainda tentei me justificar, mas não quis me ouvir, disse que estava muito feliz com o que eu havia dito. Ele sorria.

Caminhamos pela rua, cantando e dançando. Ele me ensinou uma dança muito interessante, na qual nos jogávamos no chão, pelados, e imitávamos o movimento das minhocas, mas de uma forma muito graciosa, como se fôssemos motosserras emblemáticas. Chegando na delegacia, me deu um pontapé nas costas e caí numa sala cheia de outros policiais, que me espancaram por horas e horas, até eu perder a consciência. Acordei com todos eles dormindo à minha volta. Imagino que me espancaram até terem perdido todas as forças.

Entrei na sala seguinte, onde estava sendo realizada uma gincana. Sentei-me e observei. O delegado fazia mímicas e deveríamos tentar adivinhar do que ele falava. Pelo que o sorveteiro ao meu lado disse, a ideia era adivinhar qual crime estava sendo representado pelo delegado, e quem acertasse seria solto. O delegado começou uma nova mímica. Ele alisava os seus testículos e falava números em japonês arcaico. Depois se jogava no chão. E se levantava novamente. Depois de repetir isso várias vezes, pegou seu revólver e o observou; sorriu para ele dizendo que gostava muito de viver dentro de copos de plástico e de fábricas de vassouras. Levantei o meu dedo indicador da mão esquerda e o delegado disse que eu deveria usar o da mão direita, que isso seria mais agradável a todos. Então abaixei o esquerdo e levantei o direito. Ele me concedeu a palavra. Disse que o crime ao qual ele fazia referência era o de dirigir acima da velocidade permitida. Falou que eu estava correto e ficou vermelho de raiva; começou a gritar e a rasgar suas roupas. Logo após isso deu vários tiros em sua barriga, o que fez a sala ficar ligeiramente suja de sangue, tripas, e tinta amarela. O mais curioso foi que, de dentro do buraco em sua barriga, caíram as chaves da porta da delegacia, além de um bilhete de sua mãe, o lembrando de comprar aspargos para o jantar do dia seguinte. Os outros presos me aplaudiram longamente enquanto eu pegava as chaves e me retirava de lá. Um deles inclusive me presenteou com um pedaço de casca de árvore cética envelhecida, que eu deveria enfiar dentro de meu ouvido, caso ficasse muito entediado e ambivalente.

Já no lado de fora, senti saudade daquelas pessoas da delegacia. Não aguentei e comecei a chorar emocionado. Da janela eles me acenaram, também chorosos, e acenei de volta. Ficamos nisso, por alguns instantes, até que um homem encapuzado começou a golpeá-los com um porrete de ferro, os matando instantaneamente.

Voltei até a farmácia. O atendente da farmácia ainda estava estirado no chão, morto, assim como as pessoas que o tentaram ajudar. Então me deitei ao lado deles e esperei.


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Postado originalmente (numa versão ligeiramente diferente) aqui.
(Repostando esse texto, que o Blogger apagou durante um período de manutenção...)

domingo, 17 de abril de 2011

Um dia comum para Dante Alighieri

Dante Alighieri estava sentado em sua poltrona suja, ao lado de sua esposa Gemma Donati, que vestia roupas sujas, assim como Dante Alighieri, num ambiente sujo e fétido, repleto de restos de comida e lixo espalhados pelo chão, com seus filhos igualmente sujos e fétidos, e feios, assim como Dante Alighieri e Gemma Donati, que também estavam, além de vestidos com roupas sujas, com os corpos igualmente sujos, e fétidos, assim como seus filhos pequenos que rastejavam pelo chão da sala, esfregando seus corpos pequenos e frágeis, e fétidos, usando fraldas, que não eram trocadas há vários dias, repletas de fezes, de forma que as fezes, e o mijo, havia muito mijo também, escorriam pelos lados da fralda, se juntando com os resto do lixo da sala, formando meio que uma lama, uma lama de lixo, restos de comida, mijo e fezes, e que fazia Dante Alighieri e Gemma Donati escorregarem às vezes quando tentavam andar, fazendo-os se estatelarem no chão, batendo suas cabeças contra o assoalho sujo e fétido, enchendo seus cabelos com a lama putrefata; algumas vezes acertavam algum de seus filhos nessas quedas, fazendo seus pequenos corpos de bebê se estraçalharem em milhares de pedaços que coloriam as paredes, mas eles nem ligavam muito, eram muitos bebês, não fazia diferença se um ou outro morresse esmagado, era até melhor, menos um pra contribuir com a lama de imundice que recobria o assoalho, e no final das contas, no final do dia, quando tentavam contar os bebês, nunca obtinham o mesmo número de filhos do dia anterior, afinal, eles não ficavam quietos, estavam sempre correndo ou engatinhando pela casa, sem contar com os filhos dos vizinhos, que praticamente moravam ali, fazendo Dante Alighieri e Gemma Donati se questionarem se determinada criança seria ou não um filho deles; e os vizinhos entravam na casa de Dante Alighieri e Gemma Donati perguntando por seus filhos, "Onde está meu filho?", "Está por aí", respondia Dante Alighieri, "é algum desses, pode escolher, tanto faz", então o vizinho se enfurecia e partia para cima de Dante Alighieri, gritando que ele havia perdido seu querido filho, então ficavam Dante Alighieri e o vizinho, cada um com as mãos no pescoço do outro, rolando pelo assoalho sujo da sala, enquanto Gemma Donati ficava golpeando a cabeça do vizinho com os grandes livros de poesia de Dante Alighieri, gritando seus versos para lhe confundir os sentidos, até que conseguiam matá-lo, e jogavam seu corpo num canto sujo da sala, até que vinha a esposa do vizinho, dizendo que seu marido sumira, e que fora visto entrando na casa de Dante Alighieri e Gemma Donati, até que ela via o corpo do marido no chão, envolto em lixo, restos de comida, mijo e fezes, e ela começava a gritar, mas antes que pudesse fazer algo, Gemma Donati a acertava com os volumes da Divina Comédia, fazendo a vizinha cair no chão chão sujo, esmagando algum bebê, que poderia, ou não, ser filho dela, então Gemma Donati gritava, "Crianças, hora da janta", e os bebês vinham correndo e começavam a mordiscar a carne da vizinha, ainda viva, mas logo restavam apenas seus ossos, espalhado pelo chão, era mais ou menos assim um dia comum na vida de Dante Alighieri.


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Conto escrito para o Clube da Leitura; postado originalmente aqui.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Hibernação

Pessoas,

O blog ainda respira, não pensem que ele se foi. Apenas se encontra num estado de hibernação. Isso se deve, como já havia dito num post anterior, ao tempo e energia que tenho dedicado ao meu livro (além do tempo que dedico ao meu trabalhado, obviamente). Pois é, no final das contas, fazer um livro dá muito mais trabalho do que parece, e acaba não sobrando muito tempo para escrever. Há alguns dias a capa que a Dolores Marques fez ficou pronta (ficou ótima!!!), e ontem o livro chegou da diagramação; estamos corrigindo alguma pequenas imperfeições que vieram (pra tudo ficar perfeito), e o resultado fico ótimo, muito bom mesmo.

Acho que não havia divulgado aqui no blog ainda, o livro vai se chamar "Festa na Usina Nuclear". Por causa da explosão da usina de Fukushima até pensamos em mudar o nome (pra ninguém pensar que estaríamos nos "aproveitando" da tragédia para projetar o livro), mas acabamos resolvendo mantê-lo, afinal, o conto que leva o nome do livro foi escrito em Maio do ano passado, e já havíamos anunciado no site da editora esse nome, no final de Fevereiro, como aparece aqui http://www.oitoemeio.com.br/566/textos/amores-e-um-seculo/. Além disso, apenas um dos 25 contos fala sobre usinas nucleares, e de uma maneira que não tem muito a ver com a realidade. Mesmo assim, a explosão da usina não deixa de ser um coincidência incrível; o conto que dá nome ao livro, "Festa na Usina Nuclear", fala sobre dois caras que vão numa festa em uma usina nuclear, e um deles acaba fazendo a usina explodir...

Embora ainda não haja uma data específica, o livro será lançado, tudo indica, no inicio de Maio, juntamente com a inauguração da sede da editora Oito e Meio, aqui no Rio de Janeiro. Estamos bem empolgados; o livro tem recebido elogios das (poucas) pessoas que tiveram a oportunidade de o ler. Ficamos muito felizes também que o André Sant'anna concordou em escrever o texto da orelha (que ficou muito legal!).

Por enquanto é isso, mais adiante volto com mais notícias do livro...
Té.

segunda-feira, 14 de março de 2011

A Missão

eu faria qualquer coisa por aquela mulher qualquer coisa ela era a mulher mais bonita do mundo ela tinha umas pernas uma bunda uns peitos eu não consigo parar de pensar nela eu poderia fazer qualquer coisa imaginável por aquela mulher eu te quero o que devo fazer para te ter posso fazer de tudo mesmo qualquer desejo seu eu realizarei me esfolarei me acabarei me humilharei todo para te ter o que você quer que eu faça quer que eu largue o meu emprego alô chefe sou eu mesmo olha só gostaria de lhe informar que estou pedindo demissão é isso mesmo não não há como voltar atrás pois eu quero muito ficar com ela a mulher mais linda do mundo não posso mais trabalhar aí desculpe pronto larguei o meu emprego por você só por você eu faria algo assim não vou mais ter dinheiro pra comprar nada mas isso não importa o que importa é te ter ao meu lado a qualquer momento que eu queira o que preciso fazer para te ter meu amor quer que eu mate meus pais eu mato pode deixar estou entrando na casa dos meus pais oi pai oi mãe vim aqui fazer um negócio rápido só estou jogando gasolina nos corpos deles e estou acendendo um isqueiro estou colocando fogo em seus corpos e saindo do apartamento posso ouvir eles agonizando em dor pronto já matei meus pais está feliz agora podemos ficar juntos nada mais nos separa seremos apenas um o que você quer que eu faça por você quer que eu mate os meus filhos isso é fácil vou matá-los agora mesmo agora estou quebrando o pescoço da minha filha e agora estou fraturando a coluna do meu filho do meio e estou arrancando fora a cabeça do meu bebê tá saindo muito sangue pronto agora a minha atual mulher está chegando em casa e está vendo que matei os nossos filhos é isso mesmo eu quero o meu amor e farei o que for necessário ela está partindo pra cima de mim e estou socando o rosto dela já estou socando seu rosto há uma meia hora acho que ela não está mais respondendo seu coração parou mesmo pronto já os matei senti muito prazer destruindo a vida de cada um deles pois isso me tornava um pouco mais seu um pouco mais perto de te ter inclusive matei a minha mulher você não pediu mas eu tive que matá-la ela não gostou de ver nosso filhos mortos o que posso fazer o que você quer que eu faça quer que eu mate o resto da minha família eu mato estou numa festa e todos os meus primos tios avós parentes distantes que só vejo no natal eles estão todos aqui em casa estou chamando todos para a sala gente gostaria de fazer um brinde a todos nós esse é um momento muito especial pra mim pois finalmente vou poder ficar perto do meu amor só isso importa pra mim agora fico muito feliz que todos tenham vindo fico agradecido a cada um de vocês pois sem vocês isso não seria possível agora estou pegando a minha metralhadora e estou atirando em toda a minha família alguns ainda estão tentando correr mas eu tranquei as portas todas não há como sair vou matando cada um deles estou metralhando cada parte do corpo de cada membro da família para garantir que nenhum deles sobreviva e finalmente termino de matar o último de todos ele havia se escondido no armário do quarto você pensa que eu sou idiota que iria deixar você escapar de jeito nenhum não iria deixar de ficar com o meu amor por causa de um ser insignificante como você você achou mesmo que poderia me atrapalhar na minha missão agora eu sou só seu meu amor a minha família não existe mais não há nada mais que possa me roubar de você temos agora um ao outro juntinhos podemos ficar juntinhos agora é dezembro me abraça forte que está frio

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Amoras

Numa sala de aula.

—"Eu sou uma amora, bela e resplandecente, no meio do jardim". Repitam.
—"Eu sou uma amora, bela e resplandecente, no meio do jardim" — repetem as crianças.
—Isso, muito bem. Lembrem-se de que quando vocês dizem esta frase, vocês se tornam ela.
—Sim — articulam as crianças com suas bocas cheias de saliva a escorrer para dentro de seus potes de sorvete.
—Vamos lá, repitam mais uma vez!

Então, as crianças que agora eram amoras belas e resplandecentes, no meio de jardins, repetem:
—"Eu sou uma amora, bela e resplandecente, no meio do jardim" — e as crianças se tornam ainda mais belas e resplandecentes amoras no meio de jardins.

A professora caminha e caminha por entre jardins encantadores e ensolarados, repletos de amoreiras cheias de amoras maduras, belas e resplandecentes. A professora sobe numa das árvores e colhe uma das amoras.

—Mas que amorazinha mais bonitinha!
—Haha, obrigada, querida professora!

A professora escancara sua boca e se prepara para abocanhar a pequenina amorazinha.

—O que você está fazendo, profess...

Antes que a indefesa aluna termine sua frase, a professora arranca impiedosamente um pedaço de sua bochecha. Os alunos se assustam e berram loucamente, assustados, enquanto veem o sangue jorrando da cabeça da coleguinha.

—Nossa, mas que amora mais deliciosa — a professora diz após mastigar e engolir o pedaço de amora.

Ela caminha mais um pouco pelos campestres jardins. Mas são tantas amoras! Agora venta bastante, as amoras todas se balançam e se agitam, como se estivessem correndo de um lado para o outro.

A aluna agoniza em espasmos, tentando estancar o sangue que escorre de seu rosto, e seus coleguinhas, assustados, tentam fugir da sala de aula.

—Venham cá, amoras! Preciso de vocês dançando em meu estômago.

E as crianças gritam esmurrando a porta da sala de aula, que não conseguem abrir. Uma das alunas, a mais esperta, pensa e diz:

—"A professora é de chocolate e podemos comê-la", repitam, repitam!
—"A professora é de chocolate e podemos comê-la" — repetem as amoras, e o corpo da professora passa a ser de chocolate.

Os alunos correm em direção à professora, com o intuito de destruí-la, e esta passa a fugir dos alunos.

As amoras se chocam contra o chocolate, ficando marrons e lambuzadas, num grande pote de sorvete prateado.

O sorvete arromba a porta da sala de aula derrubando os alunos e a professora, levando-os para fora da sala de aula, através da porta.

O sorvete de amoras achocolatadas adentra a boca do menino, que babava abundantemente em cima de seu pote, e cai em seu estômago, além de cair um pouco também em sua roupa. A professora e os alunos acordam numa sala escura, de onde não podem mais sair.

Em alguns momentos o estômago do menino começa a digerir as amoras achocolatadas, o que o faz passar muito mal, uma vez que ele comeu mais do que devia. O menino vomita dentro do pote de sorvete prateado, devolvendo todos à sala de aula.

A professora pede desculpas às amoras pelo que fez, dizendo que perdeu a cabeça durante a aula. Os alunos dizem que a perdoam e declaram a ela todo o seu amor, de forma satânica e onomatopaica, mas silenciosa, apenas utilizando os sinais de odor que o corpo emite, num silêncio gritante de horror infantil angelical.

Então a mãe do menino pega o pote de sorvete vomitado e fica com tanto nojo que o joga direto no lixo.

—Você não sabe comer direito, é realmente um porquinho — diz mãe para o porquinho que agora rola numa poça de lama no meio de um jardim, ao lado de uma amoreira de frutos belos e resplandecentes.



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O conto, escrito a convite de Daniel Ribas, mestre de cerimônia do último Clube da Leitura (evento literário que acontece aqui no Rio de Janeiro), apesar de totalmente insano, foi o mais votado da noite; postado originalmente aqui, no blog do evento.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Novidades

O blog anda um tanto parado, eu sei. (sim, esse sou eu, Rafael, falando, e não um personagem estranho/grotesco/enlouquecido).

Mas isso se deve a bons motivos. Tenho trabalhado bastante desde o fim do ano passado (o que é bom), e isso me tem feito escrever pouco (o que é ruim).

No entanto, tenho ótimas notícias.
Estou organizando meu primeiro livro, de contos, que vai sair pela editora Oito e Meio, em breve, tudo indica. No momento estamos terminando de selecionar e definir o material que fará parte do livro (o que é um tanto angustiante) e iniciando as revisões finais. Por enquanto é só; mais adiante lhes deixo a par do que estiver acontecendo.

Enquanto isso, visitem o site da editora. Lá é possível ler textos de alguns autores novos, na seção de Textos, incluindo um meu que pode ser visto aqui. E a quem interessar também, é possível comprar a Antologia de Prosa Plástico Bolha, lançada no final do ano passado, e sobre a qual falei um pouco neste post aqui.

Inté.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Cenas Cotidianas

Estava espancando minha octogésima sexta mulher com um coador grave cintilante de gengibre turco modificado, quando o meu cachorro gângster exclamou:

—Céus! Esqueci as chaves pardas do carro gelatinoso na gruta ecumênica gastro-esofágica, no lado Amarelo da faixa.

Por isso, meu tio anglo-cossaco pensou que talvez fosse uma boa ideia parir para dentro de um saco plástico cerimonioso, seria algo menos lúgubre e fútil do que direto na tumba familiar. Então continuou tocando bateria.

No instante em que bateu o bumbo pela quadragésima nona vez, o birmanês cilíndrico do outro lado da rua ejaculou no olho de cerâmica de seu avô materno, que por acaso estava a passar por ali no exato momento, praticando a recitação dos nomes dos gases nobres na ordem reversa e articulando, alternadamente, cada sílaba com uma expressão facial diferente.

O grito rouco e andrógino de excitação da bisneta ao presenciar tal acontecimento levou seu irmão tecnocrata mais novo a desenvolver uma tomomania momentânea, que acabou evoluindo para uma tricotilomania grave de terceiro grau.

A webcam que os filmava pifou, então o segundo cavaleiro do apocalipse entoou seu célebre poema sobre o citomegalovirus prostático que foi condenado no século XVIII por esquartejamento de cavalos culposo.

Para realizar tal façanha, o citomegalovirus teve que viajar de Ouagadougou a Bujumbura num eneágono motorizado de 100.000km de comprimento.

Seu adestrador ficou tão contente com tal realização que resolveu fundar, naquele instante, a Igreja Marsupial Não-Judaica Romana Otomana Horizontal dos Estados Unidos da França Eslava Berinjélica.

Durante o louvor tântrico que se seguiu, seus alunos de meteorologia motossérrica, por displicência, acabaram inalando todo o bário obpiriforme, que estava misturado ao antimônio sílico ungüiforme, num pote de sorvete.

O dono Medicinae Doctor Heresiólogo da fábrica de sorvetes nada gostou disso. Ficou tão deprimido que se encolheu num canto de sua masmorra esférica favorita e ficou lambendo, até a morte, sua edição original de "The Birds of América", de John James Audubon, que comprara por £7,321,250, utilizando o dinheiro que conseguiu vendendo todos os pertences avermelhados de sua família começando pela letra A.

Por isso, tomo muito cuidado ao me candidatar a algum cargo público.