domingo, 31 de janeiro de 2010

Suturas

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Sorvetes
Tempestades solares
Código de Hamurabi
Bicicleta de antologia
Clérigo de coleira
Ratazanas soltas
Sacos de lambuja
O sonho de Rigoletto
Saias catequisadas
Quanto tempo, tempero
Saídas de Janeiro
Fórmulas de papiro
Requeijão brasileiro
Fogos de artifício
Sonolências do cosmos
Périplos a dar pro povo
Ondas de quizumbas
Só chove se for Dezembro
Agora, é pras cervejas
De novo, só de futuros
As casas



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Sempre Como na Primeira Vez

domingo, 24 de janeiro de 2010

Sobre uns Troços

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Há mais ou menos muito tempo atrás, bom, pelo menos uma quantidade razoável de tempo atrás, vários anos, , aconteceram várias coisas, várias coisas que várias pessoas fizeram, várias pessoas diferentes que fizeram coisas que foram muito importantes pra uma parte bem grande da humanidade, , pessoas que fizeram coisas, de certa forma, significativas, e que foram consideradas importantes por quem estuda esse tipo de coisa, , esse troços, o que aconteceu foi que tiveram, assim, várias pessoas que se juntaram, , e aí elas todas queriam alguma coisa, e elas se juntaram e exigiram que outras pessoas fizessem troços pra elas, , troços importantes que elas queriam muito, e pra conseguirem isso elas tiveram todas que se juntar, , e que fazer umas espécies de revoluções e cometer suicídio coletivo, esse tipo de coisa, e então quando algumas das coisas aconteciam, essas coisas que elas queriam, elas ficavam muito felizes, e comemoravam e tal, mas se não acontecia nada elas ficavam irritadas e violentas, e faziam várias outras coisas e chamavam outras pessoas ainda, pra conseguir fazer o que elas queriam, e se elas não conseguissem, as pessoas que chamaram, elas cometiam suicídio e muitas pessoas ficavam com pena delas, enquanto outras começavam a considerá-las muito legais e importantes pra humanidade, mas caso as coisas acontecessem, as pessoas que queriam as coisas seriam consideradas herois, e seriam muito amadas pelas pessoas todas, ou então poderiam ser consideradas ruins e cruéis, fazendo com que todo mundo odiasse elas. As coisas sempre foram assim, desde sempre, e são assim ainda hoje, , só que as coisas que aconteciam antigamente não acontecem mais hoje, só algumas, às vezes, mas geralmente, hoje acontecem outras coisas, diferentes das coisas antigas. As coisas de hoje são diferentes das antigas pois os tempos mudaram. Muito. Os tempos mudaram, justamente, por que várias pessoas se juntaram e fizeram com que outras pessoas fizessem o que elas queriam, então, as coisas que essas pessoas queriam, acontecendo de fato ou não, mudaram as coisas. Só o fato de as pessoas terem sido chamadas e tentado mudar as coisas, mesmo não conseguindo, mudou uns troços. E hoje nós vivemos sob essas mudanças dos troços, ou de sua tentativa de mudança dos troços. A gente se levanta todo dia, vive o dia, dorme, e não se da conta de que o nosso dia é assim, justamente, pela mudança de troços, ou não mudança de troços. Se não tivessem tido tentativas de mudar troços e coisas, nossa vida iria ser toda diferente. Teriam várias coisas diferentes, e nossa vida seria diferente por causa disso. Sem essas mudanças ou tentativas de mudanças poderiam ter coisas melhores, ou coisas piores. Se tivessem acontecido mudanças boas, hoje poderíamos ter coisas melhores ou piores. Não da pra saber, sabe? E se tivessem acontecido mudanças ruins, poderiam, também, ter coisas melhores ou piores hoje. Isso acontece pois uma mudanças boa antiga poderia ser algo ruim hoje. E uma mudança ruim, poderia ser um troço bom, pra gente que vive hoje, . O mesmo vale pras tentativas de mudanças, tenham sido elas ruins ou boas, na época. Portanto, não podemos ficar nos lamentando se um troço ou outro aconteceu ou não, ou achando bom que aconteceu algo ou não aconteceu algo. Pois essas coisas, as mudanças ou não mudanças, poderiam, hoje, ser tanto boas quanto ruins, tantos as mudanças que eram boas quanto as que eram ruins. Não tem como saber. O melhor é ficar quieto e não pensar.
Mais simples.



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Noite poética
E Sangrenta

domingo, 17 de janeiro de 2010

Aplausos da Plateia

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-Boa noite, telespectadores! Estamos começando mais um Domingo com o Taturana, o prograna com a maior audiência da história.


(Aplausos da plateia)


-Hoje teremos várias atrações imperdíveis, grandes artistas da nossa geração, desse século, quiçá, desse milênio!!!


(Aplausos da plateia)


-Vamos chamar agora ao palco a banda Berenice Comeu Pastel de Feijão!


(Aplausos da plateia)


-Sejam bem vindos ao Domingo com o Taturana! Vamos conversar com o vocalista Jarst Wergon.
-Olá, Taturana, e um olá para esta plateia maravilhosa.


(Aplausos da plateia)


-Então, Jarst, fale-nos um pouco sobre o novo CD de vocês. "A Bisnaga de Fogo" é o nome dele, certo?
-Isso mesmo, Taturana. Esta semana estamos lançando nosso terceiro CD, que apesar de ser o pior, dá pra ouvir.
-Como?
-É, isso mesmo. Não tivemos ideias muito boas recentemente, pelo menos comparando com os outro CDs...
-Sei.
-...mas não quer dizer que o disco seja ruim, só é pior que os outros.


(Aplausos da plateia)


-Fale-nos um pouco sobre as música deste novo trabalho.
-Bom, os estilos variam bastante, assim com as letras. Nossas influências vão de música expressionista alemã até axé music, passando por Bjork, Egberto Gismonti, Wando, Richard Clayderman, André Rieu, Seal, John cage, por aí...
-Entendi.
-As letras falam de assuntos variados. Tentamos falar sobre temas diferente do usual. Pensamos que já existem músicas demais que falam dos problemas da pobreza. Então fizemos algumas músicas sobre os ricos, os seus problemas, suas tristezas. Só por que a pessoa é rica não quer dizer que seja feliz! Os ricos sofrem, tem sentimentos e necessidade de carinho e amor, assim como todo mundo que é pobre. Pensem nos ricos também, eles precisam do nosso calor e compaixão!!!!


(Aplausos da plateia. Com entusiasmo.)


-Você tem toda razão - diz Taturana, enquanto enquanto enxuga uma lágrima - o que mais poderia falar?
-Bom, fizemos uma música sobre pedofilia, afinal, tem pessoas que gostam disso, mesmo sendo crime, e apenas falar sobre isso em uma canção não é ilegal...
-Claro.
-...também fizemos músicas sobre a vontade de morrer, já que muitas músicas falam sobre a vontade de viver. Imaginamos que as pessoas que querem morrer vão ficar muito felizes com a mensagem de morte que essas músicas passam.
-Sei.
-E bom, o que, mais? Não me recordo mais. Ah, sim. Tem uma música que fala sobre o amor de dois hermafroditas, que se revezam no papel de homem ou mulher na hora do sexo.
-Que interessante. Desejo boa sorte com o disco de vocês.
-Obrigado, Taturana! Só gostaria de acrescentar que nós v...
-Faremos uma pequena pausa para os comerciais e já estaremos de volta.


(Aplausos da plateia)


COMERCIAIS


(Aplausos da plateia)


-Estamos de volta com o Domingo com o Taturana. E agora com vocês, o grande artista, Manganabo!!!


Aplausos da plateia.
As cortinas se abrem.


-Eu sou um artista, um grande artista, um dos maiores artistas do mundo, um dos maiores da história.

Então Manganabo pega sua shotgun e dá um tiro na cabeça da voluntária, que sorri intensamente por saber que está fazendo parte de uma obra de arte muito importante. O publico se levanta e aplaude de pé por um longo tempo, com muito gritos fanáticos:
-Bravo, bravíssimo!
-Gênio, gênio!
-É arte, a mais pura arte!
-Eu te amo, casa comigo!
-Nada se compara à sua arte, Manganabo!
-Eu também quero virar um objeto artístico!

Então Manganabo manda o outro voluntário subir no palco. Ele pede para ele pegar o corpo da mulher morta e segurar em seus braços.

-Agora sorria. Isso, mais, mais! Eu quero um grande felicidade, uma alegria descomunal!

E assim o voluntário fez. Então Manganabo pega a sua espada e começa a cortar a garganta do voluntário. Logo o voluntário começa a agonizar em dor e solta o corpo da morta.

-Não, não! Você tem que ficar segurando o corpo. Você deve morrer segurando ela, essa é a imagem que criei em minha mente artística.

O voluntário se abaixa e, com muito esforço, pega o corpo morto de cabeça estourada. Manganabo continua a cortar pescoço do voluntário até arrancar fora sua cabeça. O voluntário, morto, cai sentado na cadeira que havia atrás dele, segurando o outro defunto.


(Aplausos da plateia)


-É uma grande honra tê-lo em nosso programa, Manganabo!
-Sim, eu sei. Eu sou o melhor.
-Por favor, conte-nos sobre o seu trabalho.
-Bom, na minha infância meus pais não me deram muita educação. Meu pai era açougueiro e minha mãe prostituta. No dia em que completei 10 anos de idade, meus pais foram mortos por um homem que carregava uma espada, sem nenhuma razão aparente. Ele simplesmente nos parou na rua, e esquartejou meus pai, na minha frente...


(Plateia se assusta)


-...depois disse: "Vai e faz com os outros o que fiz com seus pais", e me entregou a espada. Assim que ele virou de costas cortei sua cabeça fora...


(Risos da plateia)


-...passei então a trabalhar como esquartejador de aluguel. Eu era muito bom, e não existem muitos na nossa cidade.
-Entendo.
-Após matar muitas pessoas, comecei a ficar um pouco entediado. Era muito monótono ficar apenas cortando os pedaços da pessoa, e etc... Comecei a matá-las de forma artística, fazendo belas esculturas de carne. Ou então fazendo colagens com os pedaços do corpo, algo que lembra um pouco as técnicas surrealistas de criação.
-Sim, claro.
-Por último, gostaria de aproveitar que estou em rede nacional, no programa de maior audiência da história, e realizar minha última obra de arte.
-Poxa, que bom! Vamos, realize-a!

Então Manganabo levanta sua espada e parte para cima de Taturana enquanto grita palavras inventadas por ele mesmo. Por sorte, Taturana consegue sacar sua arma e mata Manganabo com 27 tiros.


(Aplausos da plateia)


-Bem, e agora, a última atração de hoje!


(Aplausos da plateia)


-Com vocês, Manimey Ohandna, o homem que se auto-explode!


(Aplausos da plateia)


-Seja bem vindo ao Show do Taturana!
-Obrigado, Taturana.
-Então, conte-me sobre seu número de mágica.
-Bom, não é um número de mágica, é real.
-AHAHAHAHA


(Aplausos da plateia. E risos)


-Ok, você pode realizar o seu... qual o nome que você dá para seu... "ato"?
-"Explosão".
-Ah, ok. Com vocês, Manimey Ohandna, com sua "Explosão"...


BUM


(O estudio de gravação explode. Assim como o prédio onde o estúdio se encontrava. E o quarteirão onde o prédio se encontrava. E os bairros próximos também)



(Aplausos da plateia)




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Bebedeira Surrealista.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Poema de um Homem de 65 Anos de Idade

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Já são
65 anos

O tempo passa rápido
Queria voltar a ser novo
Pra namorar meninas jovens

Mas digo isso
Com um sorriso no rosto

Toma este calendário
Está sobrando
Não preciso dele





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Retrospectiva 2009:
Amores Efêmeros 2

domingo, 3 de janeiro de 2010

Coisas Mundanas

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Todas as cores estavam presentes na passagem pelo portal
O menino cósmico se revelou conhecedor das coisas mundanas

O céu ficou cheio de pensamentos leitosos
E o chão desabou sobre o vácuo inexistente

Para os que não são daqui
Que se mudem

Para quem possui algo que não é meu
Que me devolva

Não existe nada numa outra dimensão
Mas aqui existe tudo que não se pode existir

Da palavra que sai de minha boca alada
Emana o cheiro retilíneo renovador

Para que rolar no chão
Se ele desabou

Melhor contar quantos dedos ainda tenho
Debaixo do céu da boca

O menino cósmico tentou fritar um ovo
Mas explodiu a cozinha

Agora que os que não eram daqui se mudaram
Acolheremos os que já são daqui

Olhando para o céu, o menino cósmico aprendeu
Que todos os dias podemos ver as cores do portal

Não apenas em ocasiões especiais
Pois elas não existem

O que existem são pessoas.





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