quarta-feira, 29 de abril de 2009

Aqui Não Tem Nada

Aqui não tem nada
Neste texto não tem nada

É vazio
Não tem ideias

Não tem cheiro, nem cor
É transparente, sem vida

É morto

Não tem utilidade
Não tem propósito, nem intenção

Não tem inspiração
Nem a centelha da criação

É um amontoado de palavras
Sem lógica, nem conteúdo

Este texto não expressa nada
Nenhuma opinião, nem sentimento

É um texto apático e insosso
Pobre e mal escrito

Este texto não foi criado, nem concebido
Ele sempre existiu por aí
Nunca ninguém o havia notado

Andando pela rua
Avistei este texto no chão

E me perguntei o que ele fazia ali
Após lê-lo, logo percebi

É inútil e desprezível
Algo que não se deve dar atenção

É por causa de textos assim que a poesia vai acabar
É por causa de textos assim que a poesia vai continuar
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..vazio................................................vazio
.
..........................NADA
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..vazio................................................vazio
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.................Este texto não tem ideias
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sábado, 25 de abril de 2009

Corujão da Poesia


Na última terça, fui, acompanhado de Taiyo e Álvaro, ao Corujão da Poesia, que acontece toda terça-feira, à partir da meia-noite, na livraria Letras e Expressões (Leblon, Rio de Janeiro).



É um evento muito legal, um clima ótimo, com pessoas de todos os tipos. Os participantes leem poesias próprias, ou de autores já consagrados. Também é permitido cantar/tocar músicas próprias, ou de autores já conhecidos.


A foto retrata o momento em que eu confundia a cabeça das pessoas, lendo o meu poema "O Sol é o Sol". Foi uma experiência interessante, nunca havia lido para várias pessoas algo escrito por mim.


Então, atenção poetas e amantes da poesia: vale muito a pena ir no Corujão! O evento também acontece na Barra da Tijuca e em Niterói, quinzenalmente.


O blog do evento: http://corujaodapoesiaedamusica.blogspot.com/


sexta-feira, 24 de abril de 2009

Soco a tua cara

Eu soco seu rosto
Com força
E grito na sua cara
enquanto o sangue escorre

Quebro os seus dentes
Com um chute
E piso na sua cabeça
Com meu sapato sujo de bosta

Espanco sua barriga
Até você vomitar
E te faço comer o vômito
Enquanto te vejo chorar

Quebro todos os seus ossos
com uma pesada marreta
E corto a sua carne
com uma navalha nojenta

Esmago suas tripas com as mãos
Enquanto chuto os restos do seu cérebro
Você é um bolo de carne putrefata
Não é mais alguém, é algo

Então te jogo no esgoto
Para os ratos te devorarem
E vomitarem
Quando perceberem que essa carne não presta

Vejam

Contemplem a beleza

A carne estourada
Amassada, fodida
Estraçalhada
Podre, nojenta
Escrota, vomitada

É como te vejo
Quando fecho os olhos
Quando sonho à noite
Quando penso em ti

Ou te encontro na rua;

Aí eu soco a tua cara

terça-feira, 21 de abril de 2009

O Sol é o Sol

O Sol é o Sol
E a garça está em cima das nuvens

Tem água caindo em minha cabeça
E robôs batucando no asfalto

A casa ficou balançando de um lado pro outro
E as argolas olharam para dentro das ameixas

-Olhem isso. Isso é poesia. Vejam. Compreendam. Abracem a poesia, com força. Esmaguem-na. Usem toda a sua força. Destruam a poesia. DESTRUAM!

E o exército de sonâmbulos saiu marchando. Gritavam e esperneavam. Derrubavam as velhinhas, chutavam a cabeça das crianças. E destruíam toda poesia que encontravam.

Quando cheguei em casa, havia uma revolução acontecendo. Os fiéis cortavam seus pulsos com navalhas negras, e comiam biscoitos de água e sal. A água ainda caía na minha cabeça, mas o sal dava um sabor especial de ameixa.

Quando o Sol que não era o Sol se pôs, peguei os restos de poesia destruída e fiz uma colagem. Um dos fiéis enfiou a colagem em sua jugular, com auxílio de uma argola.

Depois de algumas centenas de segundos, os robôs invadiram minha casa. Batucavam nos móveis e na cabeça de minha avó. Então, em um protesto sigiloso, ela comeu a ameixa. Foi até a janela e deu o caroço à garça, que havia descido da estratosfera.

Com a destruição do caroço, os robôs pararam de batucar, e os fieis de se cortar. A casa parou de balançar. Isso fez com que os sonâmbulos, que rodeavam minha casa, acordassem e sofressem ataques cardíacos, pelo susto de estarem nus, cobertos de carne de crianças, de velhas e pedaços de poesia.

Então a garça disse que tudo era uma questão de ponto de vista, que o Sol podia, ou não, ser o Sol. Dependia da hora do dia. Ou da noite. Então todos aplaudiram a garça e se deitaram para dormir.

Sonharam que eram caixas de papelão e acordaram com dor de ouvido. Minha avó passou pasta de amendoim em seus ouvidos, o que fez com que urrassem de dor. Gritaram desesperadamente, muito alto, durante horas. Suas gargantas começaram a sangrar, e a se despedaçar.

Depois que todos morreram, liguei para a transportadora, que prontamente apareceu em minha porta. Dei um ovo de páscoa ao funcionário, que sorriu para sua imagem no espelho. Ele disse que estava menstruado e isso era motivo de festa. Então, se jogou no meio dos mortos e disse que também estava morto, que queria ser colocado dentro de uma caixa de papelão.

Disse que ele devia levar os mortos embora, mas ele começou a chorar e socar os mortos, o que fez a garça ficar com cólicas. A garça disse que tudo era uma questão de ponto de vista, estar vivo ou morto. Então o funcionário olhou para o espelho de um outro ângulo. E sorriu para a sua imagem no espelho. Ele disse que a garça não estava mais com cólicas e que ele já havia sido uma garça antes de ser funcionário de transportadora.

-Ah, claro, isso faz todo o sentido - eu disse.

O funcionário arrancou a colagem de poesias destruídas da jugular do fiel morto.
Após recitar versos de poesia destruída, ele arrancou suas orelhas e as comeu.

-São de cera. Não esqueça das argolas.
-Ok.

Dei um passo em direção à pilha de mortos e peguei as argolas. Estavam encharcadas de sangue coagulado. Então às grampeei no lugar de suas orelhas. Ele disse que era hora de partir. Me entregou os resto de poesia que haviam sobrado e saiu. Pela janela do banheiro. A queda o matou.

Disse para a garça que estava feliz com os acontecimentos.
Ela me abraçou emocionada e disse que era uma questão de ponto de vista.
A água parou de cair em minha cabeça.

domingo, 19 de abril de 2009

Sobre a falta de ideias

Estou sem ideias
Não sei o que escrever
Tento pensar num tema
Mas nenhuma inspiração vem

Não queria me repetir
Queria fazer algo diferente
Algo que ninguém nunca viu
Algo surpreendente

É difícil se reinventar sempre
A ideia original nem sempre aparece
Quando você se dá conta
Está reescrevendo algo que já fez

É preciso buscar novas inspirações
É preciso buscar novos objetivos
Novas motivações
Outros conhecimentos

Respirar outros ares
Ouvir novos sons
Sentir outros gostos
Olhar novas imagens

É preciso surpreender os sentidos
Ter novas experiências
Aprender novos ideais
E diferentes sensações

Para alimentar essa chama
A centelha da criação
Esse momento tão raro e belo
Momento de sublimação

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Poema de um Padeiro

Viva o Pão
Pão é Vida
Pão é Amor
Pão é Harmonia
Viva o nosso pão de cada dia

Acordo de manhã
Tenho um encontro marcado
Com o meu Pão-Amor
O pão que me faz respirar
O pão que me faz viver

Pego os seus órgãos vitais
E os junto usando magia
A farinha, a margarina
O açúcar, o sal
O fermento, a água

Sou seu Criador
Sou quem lhe lampeja Vida
Após alguns minutos de espera
Pego-o em meus braços
E choro de emoção com sua beleza viva

As lágrimas escorrem violentamente
Não consigo controlar meus sentimentos
Sempre que dou cria a um novo Pão
Ele me toma por inteiro
Nos apaixonamos mutuamente

Como Pai e Filho
Como Criador e Criatura
Como Professor e Aluno
Como Rei e Escravo
Como Sequestrador e Sequestrado

Carrego-o até nosso Templo
Exponho-o nas Prateleiras Douradas
Os fiéis vem e imploram
Querem um pouco de minha Criação
Querem um pouco de sua Vida

Eles o levam
O engolem
Delicadamente
Absorvem suas qualidades
Se tornam um pouco Pão

Viva o Pão
Vida é Pão
Amor é Pão
Harmonia é Pão
Viva o nosso dia de cada Pão

Pão

Pão, pão, Pão

E ainda,
Pão

Eu quero um Pão
E que o Mundo seja Pão
Pãoze-se

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Um homem chamado Homem 3

(Continuação de "Um homem chamado Homem 2")
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.....Após ouvir as últimas palavras de Homem, o Aplicador sente forte a Emoção.
......-Você tem razão. Tens o direito de pensar e agir como quer, realizando a Não-atividade. Embora a realização da Não-atividade cause danos à nossa sociedade, eles não são irreversíveis, dizem Os Estudos. E a Não-atividade nos ajuda a alcaçar o Estágio de Libertação Maior.
.....-Se me libertares, o ajudarei a alcançar O Estágio de Libertação Maior. Aliás, não só a você, mas ajudarei a Todos Que Puder.
.....O Aplicador liberta os membros de Homem. Matam Policial, que realizava a Guarda, no lado de fora da Câmara Da Libertação, e o colocam amarrado, no lugar de Homem. Então, aplicam em Policial a Injeção, fazendo seu corpo desfigurar-se e alcançar o Estágio de Não-atividade Maior. O Aplicador entrega a Máscara a Homem, que ao vesti-la, passa a ter as feições de Pessoa, uma pessoa não procurada pela Força Anti-Não-Atividade.
.....Após sair da Prisão, Homem/Pessoa se dirige à Casa. Lá encontra Família. Homem/Pessoa se identifica, para que família não realize a Execução por Invasão de Domicílio. Homem/Pessoa relata os eventos da Não-atividade para Família. Após Gritos e Discussões, Homem/Pessoa convence Família dos benefícios da Não-Atividade, tornando-os recrutas do Não-Movimento, que iria difundir mundialmente a Não-Atividade como um avanço para a Existência Humana, pois os levaria ao Estágio de Libertação Maior.
.....Homem/Pessoa começa a divulgar seu Grande Plano. Para isso ele utiliza a Rede. Homem/Pessoa idealiza o Dia da Não-Atividade. No Dia, às 14:30, todos Habitantes do Mundo deverão realizar a Não-atividade ao mesmo tempo, criando assim a Grande Corrente do Nada. Ela gerará a Forte Energia, que libertará os Habitantes do Mundo das chamadas Amarras da Mente Consciente, fazendo com que com todos alcancem o Estágio de Libertação Maior.
.....Homem/Pessoa se utiliza do recurso SPAM, fazendo sua Palavra chegar a 97% dos Habitantes do Mundo. Os 3% restantes irão aderir ao Movimento por Osmose.
.....A Cúpula de Controle da Não-Atividade se preocupa com o Sucesso da Campanha SPAMica de Homem (que já não utiliza o disfarse de Pessoa, pois agora se tranca na Casa, para que não lhe apliquem o Fuzilamento. Embora sua identidade esteja protegida, teme ser delatado). O alto comando da Cúpula reforça o patrulhamento da Força Anti-Não-Atividade, na tentativa de evitar o sucesso do Grande Plano. Pouco podem fazer para impedir o seu cumprimento.
.....A Mensagem de Homem diz:
....."No dia Dia, do mês de Mês, do ano Ano, vamos ser livres. Vamos viver de forma plena. Vamos ser o que sempre quisemos, mas nunca pudemos. Vamos nos inundar da mais pura e genuína Felicidade, não dessa vendida em comprimidos. Vamos dizer para todo o Mundo que agora somos por Inteiro, que agora somos completos.
.....Para isso, junte-se ao Não-Movimento. Vamos nos unir no Dia da Não-atividade. Realizaremos a Grande Corrente do Nada, que gerará a Forte Energia, libertando a Todos, nos levando ao Estágio de Libertação Maior.
.....Para que isso aconteça, no dia Dia, do mês de Mês, do ano Ano, às 14:30, realize a Não-atividade. Ela é Ilegal e os realizadores são punidos com a Morte. Mas após a Grande Corrente do Nada isso não mais importará. Nosso Mundo será outro. Ele será NOSSO Mundo. O que sempre imaginamos em nosso Sonhos mais reprimidos. Conto com a sua participação. Eu sei que você também conta com ela.
.....Ass: O Libertador dos Sonhos
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Após um Espaço de Tempo
Chegou o esperado Dia
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Às 14:30 algo mudou
Se transformou
Se Criou
Algo nunca antes presenciado por Seres Humanos
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A Forte Energia tomou conta do Mundo
E libertou a Mente dos Homens
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Nada seria como Antes a partir de então...

terça-feira, 14 de abril de 2009

Não-poesia

Primeiro verso
Segundo verso
Terceiro verso
Quarto... mas é só isso?

Olha aqui, uma nova estrofe.
Só falta uma forma ABAB começar agora:
E todos comeram estrogonofe.
Ok, isso foi forçado, tá bom pra jogar fora.

Vamos esquecer essa horrorosa estrofe que passou;
Que tal um pouco de poesia concreta?

P..........P
.O.......O.
..E.....E..
...S...S...
....I..I....
.....A.....

CONCRETACONCRETACONCRETACONCRETACONCRETACONCRETA
ONCRETACONCRETACONCRETACONCRETACONCRETACONCRETAC
NCRETACONCRETACONCRETACONCRETACONCRETACONCRETACO
CRETACONCRETACONCRETACONCRETACONCRETACONCRETACON
RETACONCRETACONCRETACONCRETACONCRETACONCRETACONC
ETACONCRETACONCRETACONCRETACONCRETACONCRETACONCR
TACONCRETACONCRETACONCRETACONCRETACONCRETACONCRE
ACONCRETACONCRETACONCRETACONCRETACONCRETACONCRET

AI MEU DEUS
................Agora:
.
Palavras..............................Soltas
.
.
............................
Poste
.
.

.Cabide
.
.
.
........................................
Bolo
.
.................
Oi, quero bolo
...Eu também
(E eu)

Com o fim dessa última parte, de péssima construção,
Façamos uma pausa para o café.

(...)

-E então, como vão seus filhos?
-Muito bem, o Leko Pax tá terminado o primário, e a Zé Cristinah entrando na faculdade de Biomedicina.
-Nossa, como o tempo passa!
-É mesmo. Parece que foi ontem.
-O que parece que foi ontem?
-Ué, que as crianças eram pequenas.
-Ah, achei que você tava falando do jogo de ontem.
-Que jogo?
-O jogo do Flamengo. Na verdade foi antes de ontem.
-É, foi bem antes de ontem. Foi há 35 anos atrás.
-Mas...

O telefone toca:
-Só um instante, Dimítria... Alô. É mesmo? Mas, então, Você sabe?
-Pois é, eu sei, Clêuride. Depois que se aprende fica meio difícil dissaber.
Seria uma pena ver todo aquele bolo de chocolate se espatifando no chão.
-É, eu sei...
(Então Clêuride pega o bolo e o espatifa na cara de Dimítria)

Esse é o último verso. Esse que você está lendo.

Aqui o poema já terminou.
Isso aqui é só uma enrolação.
Já não é mais o poema.
Isso não é poesia.
Mas afinal, o que é?

-Bom, mas se isso não é poesia, não-poesia isso é.
-É, o seu ponto é bem consistente.
-Qual ponto?
-Esse, de que se isso não é poesia, poesia isso não é.
-Não foi isso que eu disse.
-Foi o que então?
-Eu disse que se não-poesia não é isso, poesia isso é.
-É, o seu ponto foi bem consistente. Esse, o de final de frase.

domingo, 12 de abril de 2009

Eu Quero Algo

Não que eu queira o que quero
Apenas quero querer
O que eu quero querer que eu queira
Querendo o que quer que seja querido por mim

Desejando o desejar de desejos desejáveis
De desejos que desejam o desejar,
Desejei que desejassem os desejos de desejos
Que me desejassem o desejar algo

E compreender a compreensão do compreensível
Compreendendo que compreender compreende
Em compreender esse compreensível compreender
De compreensão e compreendimento meu

Aprendo que o aprendizado aprende
Aprendendo que o aprender é aprendido
Por quem aprende o aprender
Do aprendizado de quem aprendeu algo

Assim,

Desejo querer compreender o aprender
Compreendo o desejar a aprender querer
Quero aprender a desejar o compreender
Aprendo a compreender o querer desejar

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Poema Redundante

Poema redundante
Redundante poesia
Versos de redundância
Redundante poesia

Sinto meus sentimentos
Sendo compartilhados e divididos
Com todas as pessoas humanas
E os animais seres vivos

Grito com minha boca
Uma canção de palavras
Belas e bonitas
Compostas e escritas

Vejo intensamente
Com os meus olhos
Aquilo que toco
Com as minhas mãos

Beijo com a boca
E abraço com meus braços
Corro com minhas pernas
Piso com os meus pés

Rio do engraçado
Choro do triste
Aprecio o bom
Desgosto do ruim

Como comida
Não como não-comida
Confirmo com sim
Desconfirmo com não

Isso é isso
Aquilo é Aquilo
Uma coisa é uma coisa
Outra coisa é outra coisa

Eu sou eu
Você é você
Eles são eles
Nós somos nós

x = x
y = y
ab = ab
x + y - ab = x + y - ab

Mas seria redundância dizer
Esta ser uma redundante poesia?

-Sim, esta é uma redundante poesia

Esta é uma redundante poesia

(É sim)

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Distraído

Ando um tanto distraído
Me distraio um tanto andando
Tanto me distraio quanto ando
Me ando, tanto quanto me distraio
Tanto quanto me distraio, eu ando
Andando, me distraio um tanto quanto...
AQUELA PAREDE BRANCA

Observe.

Não há nada nessa parede.
No entanto,em você há TUDO

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Vivo suportando este teto e dividindo este chão
Vivo dividindo este teto e suportando este chão
Suporto dividindo este chão e vivendo este teto
Teto vivendo este chão suportado, divido.
Vivo suportando este dividido chão tetado
Chão vivido; divido em tetos suportando...
AQUELE HOMEM

Observe.

Há TUDO nesse homem.

No entanto, ele se observa
E só consegue enchergar esse falso vazio,
Se reconhecer nessas paredes brancas

Era melhor ser cego dos olhos
E observador da alma
Escutando o que dizem as vazias paredes brancas

Para ser livre

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Homenagem

Poema em homenagem a todas às pessoas que sofrem e/ou sofreram com abusos; às crianças que não recebem amor suficiente para se satisfazer; aos artistas, atores, músicos e pintores que lutam por um lugar sob os holofotes; ás pessoas que nunca conseguiram ganhar nada com raspadinhas de jornaleiro; ás pessoas que foram acertadas por fezes de pombos, quando menos esperavam; aos que tem vizinhos desafinados que insistem em cantar todos os dias, aos berros; aos nerds que ficaram dependentes de jogos de RPG; às pessoas que já tropeçaram e bateram com o dedão; aos que ligaram para programas de televisão mas não conseguiram participar; aos que estavam fazendo provas de vestibular e ficaram sem tinta na caneta; aos que estavam comendo açaí e mancharam suas roupas; aos que deixaram cair moedas de cinco centavos em bueiros; aos que espirraram e o catarro voou longe; e ás pessoas que tiveram suas bebidas retiradas pelo garçom antes de terem terminado de beber:





-Oi.





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domingo, 5 de abril de 2009

Esse Contato

Eu preciso desse contato
Eu preciso dessa energia

Os corpos
Seus corpos
Seus toques

É o que me move
Minha força motriz

Seus gostos
Seus cheiros

Suas formas
Como imagens oníricas

Que tomam vida
A minha Vida

Foi para isso que nascemos
É para isso que vivemos

Para nos unirmos
Para nos sentirmos

Todos juntos
Como se fossemos um

Apenas um

(para nunca mais nos sentirmos sós)

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Um homem chamado Homem 2

(Recomendo que leiam antes o primeiro post, "Um Homem chamado Homem", de Março de 2009, para uma melhor compreensão deste texto...)
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Havia um Homem

Um homem chamado Homem

Homem estava na Casa. Ele realizava o Sentar Em Frente Á Televisão, Com A Lata de Cerveja. Era Segunda-Feira, 14:30.
O Aparelho de Telefone toca:
-Alô, Homem?
-Sim, aqui é Homem.
-Gostaria de falar com você.
-Desculpe, aqui não há ninguém chamado Você.
-Não, Homem! Não se faça de O Bobo. Gostaria de realizar a Conversa. É um Assunto Sério.
-Sim, Patrão. Realize a Fala.
-Homem, o que realizas a esta hora?
-Realizo o Sentar Em Frente Á Televisão, Com A Lata de Cerveja.
-Mas o Relógio marca 14:30. Seu corpo deveria estar dentro do Trabalho.
-Sim, eu tenho O Conhecimento Disso.
-Então por que se encontra na Casa?
-Eu realizo a Preguiça.
-Bom, Homem, a Humanidade toda realiza a Preguiça, de quando em vez. Mesmo assim, todos realizam diariamente o Trabalho.
-Eu tenho o Conhecimento Disso.
-Se não parar de realizar a Preguiça e começar a realizar o Trabalho, irei aplicar-lhe a Demissão.
-Mas, Patrão! E quanto a Menino? E a Mulher? E até Cachorro. Todos eles aplicam a Relação de Dependência a mim. O Trabalho nos provê O Sustento. Peço que não me aplique a Demissão.
-Para isso, deves tomar a Atitude. Realizas o Sentar Em Frente Á Televisão, Com A Lata de Cerveja há dias.
-Patrão... Devo realizar a Confissão.
-Pois, realize-a.
-Sinto O Vazio. Aquele. Sim, o Grande Vazio. A Inibição.
-Mas, como? Por que não realizaste a Confissão antes?
-Sinto a Vergonha. Não queria que Sociedade tomasse o Conhecimento disso.
-Devo encaminhar-lhe ao Especialista. E rápido. O Grande Vazio realiza a Contaminação de outros.
A Ambulância realizou o Transporte de Homem até o Hospital. O funcionário Especialista Médico o atendeu.
-O que tens realizado Homem? Patrão me disse que, a dias, apenas realizas o Sentar Em Frente Á Televisão, Com A Lata de Cerveja. Estenda o Braço. Irei aplicar-lhe a Injeção, para preencher o Grande Vazio que sentes em teu corpo. Talvez sintas o Mal-Estar. A Injeção é muito forte.
-Médico, espere. Devo lhe contar a Verdade. Na verdade... tenho realizado o Nada. O Sentar Em Frente Á Televisão, Com A Lata de Cerveja é apenas uma Camuflagem da minha Não-atividade. Não queria que a Família soubesse disso. Me sinto inundado pela Vergonha.
-Mas, Homem, não tens o Conhecimento de que a realização do Nada é um crime previsto no Código Penal?
-Sim, eu tenho O Conhecimento Disso.
-Então comece imediatamente a realizar algo! Agora! Sou uma Pessoa de Princípios. Se não começar imediatamente a realizar algo irei realizar a sua Denúncia.
-Não. Por que deveria? Por que a Sociedade me impõe? Isso não é ser livre. Isso é estar na Prisão. Tenho o Direito de Nascença de realizar o Nada. Não importa o que vão pensar de mim.
-E quanto á Família?
-Sim, ele são minha única preocupação. Mesmo assim, gostaria de ensina-los que a Não-atividade é um Direito. A Sociedade nos ensina que a realização do Nada é algo errado, criminoso. Mas este crime se encontra apenas na cabeça dos homens. Ele não é Real. O Governo não pode controlar minha mente. Creio não precisar provar minha falta de Não-atividade.
-Meu Deus. Homem, tens certeza do que diz? Sabes qual é a Pena por Não-atividade?
-Sim, a Morte.
-Ainda assim, continuas a realizar o Nada?
-Sim, realizo o Nada quando sinto A Vontade.
-Esta sala possui As Câmeras.
-Não me importa. Nada me importa. Procuro obstinadamente o Nada. VIVA A ESTATICIDADE.
Neste momento a sala é invadida pela Força Anti-Não-Atividade. Homem é amarrado e levado dali. Em seu julgamento, o Juiz Do Tribunal das Atividades Humanas concede à Homem o direito de provar perante a Sociedade que é um Cidadão Ativo.
-Não. Pretendo continuar a realizar a minha Não-atividade. É um direto meu. De todos.
-Tens o conhecimento de que o Cidadão que realiza a Não-atividade é aplicado com A Morte?
-Tenho.
-Infelizmente, devo condena-lo à Aplicação De Morte Induzida.
Homem é levado para A Câmara da Libertação, nome dado à sala da Aplicação de Morte Induzida. Homem é amarrado a uma cama, seus membros imobilizados.
-Quais são suas últimas palavras? - pergunta o Aplicador.
-Como podem me condenar á Morte Por Não-atividade, se a Morte é a Não-Atividade elevada às suas últimas consequências?

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Poema de um Ogro

Eu como a carcaça podre
É uma horrível noite de chuva
Está abafado
Sinto-me péssimo

Depois desse prazer culpado
Sinto enjoo e tontura
É o que todo ogro procura
Esse mal estar

Enfio a cabeça na privada
Que delícia
Vomito tudo que carrego em mim
É uma agradavel experiência

Depois de sujar o resto do lavabo
Vou para a piscina de lama
Junto com os porcos
E os meus filhos

Passamos a noite alí
Brigando, gritando
Minha esposa se aproxima
Soca a minha cara, e eu lhe retribuo da mesma forma

É uma maneira de demostrar nosso asco mútuo
Nossa relação é péssima
O que mais um ogro poderia querer?
Talvez mais uns pontapés na cabeça

Vemos que o sol nasce
Já é hora de nos retirarmos
Com um martelo ponho meus filhos para dormir
E os arrasto para fora da lama

Depois de os arremessar barranco abaixo
Caminho para o meu desconfortável buraco
É o meu lugar preferido
Ele acaba com as minhas costas

Chuto minha esposa para um pouco mais longe
Ela me deseja uma péssima noite
E cospe na minha cara
Então eu lhe digo: Eu também te odeio, minha carcaça podre