(Recomendo que leiam antes o primeiro post, "Um Homem chamado Homem", de Março de 2009, para uma melhor compreensão deste texto...)
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Havia um Homem
Um homem chamado Homem
Homem estava na Casa. Ele realizava o Sentar Em Frente Á Televisão, Com A Lata de Cerveja. Era Segunda-Feira, 14:30.
O Aparelho de Telefone toca:
-Alô, Homem?
-Sim, aqui é Homem.
-Gostaria de falar com você.
-Desculpe, aqui não há ninguém chamado Você.
-Não, Homem! Não se faça de O Bobo. Gostaria de realizar a Conversa. É um Assunto Sério.
-Sim, Patrão. Realize a Fala.
-Homem, o que realizas a esta hora?
-Realizo o Sentar Em Frente Á Televisão, Com A Lata de Cerveja.
-Mas o Relógio marca 14:30. Seu corpo deveria estar dentro do Trabalho.
-Sim, eu tenho O Conhecimento Disso.
-Então por que se encontra na Casa?
-Eu realizo a Preguiça.
-Bom, Homem, a Humanidade toda realiza a Preguiça, de quando em vez. Mesmo assim, todos realizam diariamente o Trabalho.
-Eu tenho o Conhecimento Disso.
-Se não parar de realizar a Preguiça e começar a realizar o Trabalho, irei aplicar-lhe a Demissão.
-Mas, Patrão! E quanto a Menino? E a Mulher? E até Cachorro. Todos eles aplicam a Relação de Dependência a mim. O Trabalho nos provê O Sustento. Peço que não me aplique a Demissão.
-Para isso, deves tomar a Atitude. Realizas o Sentar Em Frente Á Televisão, Com A Lata de Cerveja há dias.
-Patrão... Devo realizar a Confissão.
-Pois, realize-a.
-Sinto O Vazio. Aquele. Sim, o Grande Vazio. A Inibição.
-Mas, como? Por que não realizaste a Confissão antes?
-Sinto a Vergonha. Não queria que Sociedade tomasse o Conhecimento disso.
-Devo encaminhar-lhe ao Especialista. E rápido. O Grande Vazio realiza a Contaminação de outros.
A Ambulância realizou o Transporte de Homem até o Hospital. O funcionário Especialista Médico o atendeu.
-O que tens realizado Homem? Patrão me disse que, a dias, apenas realizas o Sentar Em Frente Á Televisão, Com A Lata de Cerveja. Estenda o Braço. Irei aplicar-lhe a Injeção, para preencher o Grande Vazio que sentes em teu corpo. Talvez sintas o Mal-Estar. A Injeção é muito forte.
-Médico, espere. Devo lhe contar a Verdade. Na verdade... tenho realizado o Nada. O Sentar Em Frente Á Televisão, Com A Lata de Cerveja é apenas uma Camuflagem da minha Não-atividade. Não queria que a Família soubesse disso. Me sinto inundado pela Vergonha.
-Mas, Homem, não tens o Conhecimento de que a realização do Nada é um crime previsto no Código Penal?
-Sim, eu tenho O Conhecimento Disso.
-Então comece imediatamente a realizar algo! Agora! Sou uma Pessoa de Princípios. Se não começar imediatamente a realizar algo irei realizar a sua Denúncia.
-Não. Por que deveria? Por que a Sociedade me impõe? Isso não é ser livre. Isso é estar na Prisão. Tenho o Direito de Nascença de realizar o Nada. Não importa o que vão pensar de mim.
-E quanto á Família?
-Sim, ele são minha única preocupação. Mesmo assim, gostaria de ensina-los que a Não-atividade é um Direito. A Sociedade nos ensina que a realização do Nada é algo errado, criminoso. Mas este crime se encontra apenas na cabeça dos homens. Ele não é Real. O Governo não pode controlar minha mente. Creio não precisar provar minha falta de Não-atividade.
-Meu Deus. Homem, tens certeza do que diz? Sabes qual é a Pena por Não-atividade?
-Sim, a Morte.
-Ainda assim, continuas a realizar o Nada?
-Sim, realizo o Nada quando sinto A Vontade.
-Esta sala possui As Câmeras.
-Não me importa. Nada me importa. Procuro obstinadamente o Nada. VIVA A ESTATICIDADE.
Neste momento a sala é invadida pela Força Anti-Não-Atividade. Homem é amarrado e levado dali. Em seu julgamento, o Juiz Do Tribunal das Atividades Humanas concede à Homem o direito de provar perante a Sociedade que é um Cidadão Ativo.
-Não. Pretendo continuar a realizar a minha Não-atividade. É um direto meu. De todos.
-Tens o conhecimento de que o Cidadão que realiza a Não-atividade é aplicado com A Morte?
-Tenho.
-Infelizmente, devo condena-lo à Aplicação De Morte Induzida.
Homem é levado para A Câmara da Libertação, nome dado à sala da Aplicação de Morte Induzida. Homem é amarrado a uma cama, seus membros imobilizados.
-Quais são suas últimas palavras? - pergunta o Aplicador.
-Como podem me condenar á Morte Por Não-atividade, se a Morte é a Não-Atividade elevada às suas últimas consequências?
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6 comentários:
Temos aqui em escritor!
Belo.
Questionador.
Olhos e alma bem vindos
por meus escritos,
ora insanos
ora aflitos.
Eu, Márri/Marrí/Andreia Franco ou apenas Mil
e
Raíza, entre-versos
postamos nos dois blogs, sem regras nem tempo pré-definido...
E lá, opine, questione*, reflita, se zangue, se solte à vontade.
;*
Trop fort. Mas depois eu te digo tudo o que eu acho que você deve mudar pra você não fazer absolutamente nada, o que deve ser seu direito.
Uau!!
Você botou em prática A idéia
1984198498149841498149814981498149898149814981498
;) Interessante.
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