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É, enquanto é bom, é bom
Depois, fica ruim
(Sr. Begônio)
É, enquanto é bom, é bom
Depois, fica ruim
(Sr. Begônio)
O homem viajou até o extremo oriente para encontrar o maior sábio dos últimos séculos.
Economizou durante muitos anos para poder realizar a viajem. Deixou de comprar boas roupas, boa comida, e de passear com a mulher e os filhos, para que pudesse trabalhar amargamente, sem parar, sob a promessa de que encontraria o grande sábio, e que, com seus ensinamentos, pudessem ser muito, muito felizes.
Chegando no país obscuro, se informou sobre como chegar no tal endereço do sábio. O nativo apontou para uma floresta escura e amedrontadora. O homem entrou mata adentro. Passou sete dias procurando o endereço utilizando as instruções fornecidas pelo nativo. "Você deve caminhar até encontrar o leão azul. Depois que matar o leão azul (utilizando um graveto de madeira) achará a próxima coordenada".
O homem encontrou o leão; quase morreu no combate, mas o amor por sua família o manteve de pé. Matou a fera, batendo diversas vezes com um graveto em sua cabeça azul. Depois abriu a boca do animal e encontrou a próxima coordenada. Deveria se jogar do abismo próximo ao lugar onde encontrou o leão, pronunciando algumas palavras que estavam escritas no papel.
O homem caminhou, achou o abismo e se jogou, dizendo "Harere Quirt Apoir Aswertu". No meio da queda foi teletransportado para fora da floresta, na cidade. Na sua frente estava a última coordenada, que dizia: "Ande para frente". O homem andou para frente e bateu com a cara no portão de um prédio. Apertou no interfone onde dizia "GRANDE SÁBIO".
Abriram o portão. Logo antes de entrar, notou que o prédio ficava exatamente em frente ao lugar onde encontrou o nativo que lhe informou como chegar ali.
Subiu até onde morava o sábio. Tocou a campainha. Um homem muito velho, de pele enrugada e barba branca, abriu a porta.
-Mestre, ó, mestre! Que emoção encontrá-lo!
-Ehr, eu não sou o Grande Sábio. Sou seu secretário, Alfred. Aguarde aqui que vou anunciá-lo.
Em momentos, foi levado até a sala do sábio. Havia uma porta muito grande, onde havia escrito "GRANDE SÁBIO". A porta se abre. Em uma espécie de trono, está sentado o sábio.
Para a grande surpresa do homem, o sábio nada se parecia com o que imaginava. Não tinha cara de oriental, fazia mais um tipo alemão ou francês. E não era velho, devia ter uns 30 e poucos anos. Também não possuía uma imagem fragilizada, muito pelo contrário, possuía a pele queimada de sol, e certamente praticava musculação. Suas roupas eram contemporâneas e ocidentais, extremamente na moda, como se estivesse para sair na noite.
O homem entrou num estado de choque quando viu o Grande Sábio:
-Mas eu pensei...
-Já sei, é o que sempre me falam os poucos que conseguem chegar aqui. Como você demonstrou merecer o nosso encontro, irei partilhar meus mais profundos conhecimentos com você.
-Sim, sim! Por favor!
-Pois bem... em primeiro lugar!
-Sim, diga!
-As coisas... são.
-Sim, claro, as coisas são!!!
-Fique calmo, ainda não terminei.
-Oh, desculpe.
-As coisas são... ou não são. Podemos dividir o Universo entre as coisas que são, e as que não são.
-Entendi. Digo, entendi o que disse, mas não o significado.
-Não precisa compreender agora. Com os anos, vai fazer sentido.
-Entendo...
-Em segundo lugar: sendo que algumas coisas são, e outras não são, concluímos que: tudo que é bom, é bom. Depois, fica ruim.
-É verdade, como nunca havia pensado nisso.
-Você não é um sábio.
-Sim, é verdade. Por favor, Mestre, diga mais!
-E por último, também podemos concluir que: 1+1=2.
-Sim, mas... disso eu já sabia.
-Claro, o que você não sabia é que isso é uma consequência das outras coisas que falei.
-Entendo.
-Bom, é isso.
-O que?
-O que eu tinha pra falar.
-Você diz que... não tem mais nada a ensinar?
-Não, nada. Você não precisa saber de mais nada.
-Mas isso é ridículo! Quer dizer que me esforcei durante anos, quase morrendo para conseguir chegar aqui, só para ouvir essas coisas ridículas???
-Elas não são ridículas.
-São sim.
-Alfred, diga a ele que estas coisas não são ridículas.
-Sim, senhor. Essas coisas não são ridículas.
-Ouviu?
-Claro que ouvi. E daí? Só por que Alfred disse, as coisas deixam de ser ridículas?
-Sim. Alfred sabe das coisas. É um homem muito sensato.
-Eu também sou sensato e estou dizendo que o que disse é ridículo.
-Bom, não posso fazer nada mais por você. E, aliás, você nem pode reclamar.
-Ah, é? Por que?
-Ninguém lhe obrigou a vir até aqui. Veio por que quis.
O homem voltou para casa e reencontrou sua família. Ele contou sobre as coisas que o Grande Sábio falou e eles viveram felizes para sempre (apesar de nunca saberem se foi por causa dos ensinamentos do Grande Sábio ou não).
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Vejam no
http://descemaisum.blogspot.com/
Sentimentos Holográficos - ou - Os Crânios Macios
Economizou durante muitos anos para poder realizar a viajem. Deixou de comprar boas roupas, boa comida, e de passear com a mulher e os filhos, para que pudesse trabalhar amargamente, sem parar, sob a promessa de que encontraria o grande sábio, e que, com seus ensinamentos, pudessem ser muito, muito felizes.
Chegando no país obscuro, se informou sobre como chegar no tal endereço do sábio. O nativo apontou para uma floresta escura e amedrontadora. O homem entrou mata adentro. Passou sete dias procurando o endereço utilizando as instruções fornecidas pelo nativo. "Você deve caminhar até encontrar o leão azul. Depois que matar o leão azul (utilizando um graveto de madeira) achará a próxima coordenada".
O homem encontrou o leão; quase morreu no combate, mas o amor por sua família o manteve de pé. Matou a fera, batendo diversas vezes com um graveto em sua cabeça azul. Depois abriu a boca do animal e encontrou a próxima coordenada. Deveria se jogar do abismo próximo ao lugar onde encontrou o leão, pronunciando algumas palavras que estavam escritas no papel.
O homem caminhou, achou o abismo e se jogou, dizendo "Harere Quirt Apoir Aswertu". No meio da queda foi teletransportado para fora da floresta, na cidade. Na sua frente estava a última coordenada, que dizia: "Ande para frente". O homem andou para frente e bateu com a cara no portão de um prédio. Apertou no interfone onde dizia "GRANDE SÁBIO".
Abriram o portão. Logo antes de entrar, notou que o prédio ficava exatamente em frente ao lugar onde encontrou o nativo que lhe informou como chegar ali.
Subiu até onde morava o sábio. Tocou a campainha. Um homem muito velho, de pele enrugada e barba branca, abriu a porta.
-Mestre, ó, mestre! Que emoção encontrá-lo!
-Ehr, eu não sou o Grande Sábio. Sou seu secretário, Alfred. Aguarde aqui que vou anunciá-lo.
Em momentos, foi levado até a sala do sábio. Havia uma porta muito grande, onde havia escrito "GRANDE SÁBIO". A porta se abre. Em uma espécie de trono, está sentado o sábio.
Para a grande surpresa do homem, o sábio nada se parecia com o que imaginava. Não tinha cara de oriental, fazia mais um tipo alemão ou francês. E não era velho, devia ter uns 30 e poucos anos. Também não possuía uma imagem fragilizada, muito pelo contrário, possuía a pele queimada de sol, e certamente praticava musculação. Suas roupas eram contemporâneas e ocidentais, extremamente na moda, como se estivesse para sair na noite.
O homem entrou num estado de choque quando viu o Grande Sábio:
-Mas eu pensei...
-Já sei, é o que sempre me falam os poucos que conseguem chegar aqui. Como você demonstrou merecer o nosso encontro, irei partilhar meus mais profundos conhecimentos com você.
-Sim, sim! Por favor!
-Pois bem... em primeiro lugar!
-Sim, diga!
-As coisas... são.
-Sim, claro, as coisas são!!!
-Fique calmo, ainda não terminei.
-Oh, desculpe.
-As coisas são... ou não são. Podemos dividir o Universo entre as coisas que são, e as que não são.
-Entendi. Digo, entendi o que disse, mas não o significado.
-Não precisa compreender agora. Com os anos, vai fazer sentido.
-Entendo...
-Em segundo lugar: sendo que algumas coisas são, e outras não são, concluímos que: tudo que é bom, é bom. Depois, fica ruim.
-É verdade, como nunca havia pensado nisso.
-Você não é um sábio.
-Sim, é verdade. Por favor, Mestre, diga mais!
-E por último, também podemos concluir que: 1+1=2.
-Sim, mas... disso eu já sabia.
-Claro, o que você não sabia é que isso é uma consequência das outras coisas que falei.
-Entendo.
-Bom, é isso.
-O que?
-O que eu tinha pra falar.
-Você diz que... não tem mais nada a ensinar?
-Não, nada. Você não precisa saber de mais nada.
-Mas isso é ridículo! Quer dizer que me esforcei durante anos, quase morrendo para conseguir chegar aqui, só para ouvir essas coisas ridículas???
-Elas não são ridículas.
-São sim.
-Alfred, diga a ele que estas coisas não são ridículas.
-Sim, senhor. Essas coisas não são ridículas.
-Ouviu?
-Claro que ouvi. E daí? Só por que Alfred disse, as coisas deixam de ser ridículas?
-Sim. Alfred sabe das coisas. É um homem muito sensato.
-Eu também sou sensato e estou dizendo que o que disse é ridículo.
-Bom, não posso fazer nada mais por você. E, aliás, você nem pode reclamar.
-Ah, é? Por que?
-Ninguém lhe obrigou a vir até aqui. Veio por que quis.
O homem voltou para casa e reencontrou sua família. Ele contou sobre as coisas que o Grande Sábio falou e eles viveram felizes para sempre (apesar de nunca saberem se foi por causa dos ensinamentos do Grande Sábio ou não).
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18 comentários:
Interessante como as vezes temos que ouvir as leis da vida para seguirmos em frente!
Hilário!! Muito criativo e interessante! Aprendi muito com isso! Hahaha!
haha, interessante como sempre, rafa.
Abraços.
E tem gente que tem mesmo que saber disso.
Talvez o velho-sábio foi sábio a ponto de dizer todas as coisas ridículas que o homem precisava saber, afinal, os velhos-sábios são assim, não é mesmo?
abraço.
É..ele não foi obrigado a ir até lá,então não tinha do que reclamar!!
Criativo...!
profundamente patafisico... rs
GRRRRRRRRRR.. RAFAEL DO CÉU!
Seus textos são muito bons, ok, muito bons.. Até deixarem de ser.
Mtoooo boom.
Adorei.
=D
muito bom mesmo ... até deixar de ser ...
o ser humano é assim ... tudo o que é simples e importante ele acha ridículo ... daí a razão maior de sua infelicidade latente ... para ele a felicidade tem que necessariamente ser difícil ... enfim ...
PS: havia esquecido de colocar o link da VACA ... rs ... já corrigi isto por lá ... http://peloamordavacajersey.blogspot.com/
bjux
;-)
MUITO BOM!
Talvez esse homem não compreendeu o que o sábio quis dizer, mas quem sabe não tirou isso como experiência de vida. Quem sabe ele descobriu que não é necessário ir tão longe para encontrar a fórmula da felicidade, basta olhar ao seu redor e percebê-la nas coisas simples da vida.
Não?
Obalalá.
Gostei muito! Texto muito engraçado com uma boa mensagem =D
Abraços!
Querido Rafael:
O que dizer? Afeeeeeeeee...hahahahaha. O homem quase morreu para descobrir que o que precisa para ser feliz é enxergar as coisas como são, não é mesmo? Abraço querido, bacana o texto.
www.lua2gatos.blogspot.com
puts achei teu texto bom... gosto dos teus textos *-*
Oi Rafael...tudo bem?
Vim aqui agradecer a visita lá no nagulha!
Seja sempre muito bem-vindo...
Aqueles chaveiros que você viu lá, eu faço sob encomenda também (de acordo com o gosto da pessoa), então se quiser...só gritar tá? hehehe...
"Há braços"!
(:
Obrigada pelo comentário , parabéns pelo Blog (:
ensinamentos que nunca se esquecem...
mais um template efêmero.
Que viagem.. Engraçado que eu achei que ele pararia aqui em casa... Huhahuaha. u.u
Beijos!
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