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E o amor, aquele amor enorme, aquele amor cheio de gente, grande pra caralho, amor que entope os canos. Esse amor de gente maluca e esquizofrênica, que gosta de bater a cabeça na parede e de jogar dardos em estrume. Amor de pernas compridas, vestindo bota de plástico amarelo, cozinhando bife com batata frita, em cima da montanha. Devendo dinheiro e coberto de chocolate quente. De manhã cedo e sonhando com as pessoas do ódio negro. Fazendo musculação com o poste e escrevendo leis lógicas. Dentro do disco de prata no museu e com medo de sair na rua. Sapateando na farda verde e se segurando pra não cair no abismo. Guardado no pote de sorvete e pegando um avião pra França. No fone de ouvido metálico e na aba do chapéu. No meio do fogo da churrasqueira e dentro das pálpebras. Se jogando no fosso do elevador e atarraxando as porcas. Mastigando madeira e conferindo as notas fiscais. Na areia do deserto e no lado do fio dental. Saindo pelo chafariz e arrastando bolas de ferro. Dizendo "as facas são de boa qualidade" e "Certamente sou hermafrodita". Vestindo roupa de balé e espancando mendigos. Sendo usado como tempero e pintando a unha com esmalte roxo. Sendo usado para assassinar padres e como lubrificante íntimo. Sendo lançado como bola de boliche, na cara dos presidentes de associações de moradores. Correndo pelado pela rua enquanto se masturba freneticamente. Tentando despedaçar a parede do banheiro, já que acabou o papel higiênico. Chupando cabo de eletricidade e chutando almofadas macias.
E o amor, aquele amor enorme, aquele amor cheio de gente, grande pra caralho, amor que entope os canos. Esse amor de gente maluca e esquizofrênica, que gosta de bater a cabeça na parede e de jogar dardos em estrume. Amor de pernas compridas, vestindo bota de plástico amarelo, cozinhando bife com batata frita, em cima da montanha. Devendo dinheiro e coberto de chocolate quente. De manhã cedo e sonhando com as pessoas do ódio negro. Fazendo musculação com o poste e escrevendo leis lógicas. Dentro do disco de prata no museu e com medo de sair na rua. Sapateando na farda verde e se segurando pra não cair no abismo. Guardado no pote de sorvete e pegando um avião pra França. No fone de ouvido metálico e na aba do chapéu. No meio do fogo da churrasqueira e dentro das pálpebras. Se jogando no fosso do elevador e atarraxando as porcas. Mastigando madeira e conferindo as notas fiscais. Na areia do deserto e no lado do fio dental. Saindo pelo chafariz e arrastando bolas de ferro. Dizendo "as facas são de boa qualidade" e "Certamente sou hermafrodita". Vestindo roupa de balé e espancando mendigos. Sendo usado como tempero e pintando a unha com esmalte roxo. Sendo usado para assassinar padres e como lubrificante íntimo. Sendo lançado como bola de boliche, na cara dos presidentes de associações de moradores. Correndo pelado pela rua enquanto se masturba freneticamente. Tentando despedaçar a parede do banheiro, já que acabou o papel higiênico. Chupando cabo de eletricidade e chutando almofadas macias.
Amor de pata. E de coice. Amor de tangerina podre. Amor com cubos de vidro derretendo. Amor sabor catarro. O amor que achei dentro do sanduíche. O amor que falou sobre os telefones incendiários. Amor que colocou silicone na barriga.
O amor já chegou dizendo que estava querendo mudar de vida, gostaria de pedir um conselho. Disse que estava puto com as coisas. Eu disse que ele devia evitar as coisas. Mas é difícil evitar as coisas, elas estão em todos os lugares, ele falou. Quais coisas você quer evitar? Todas, ele respondeu, todas as coisas que existem. Qual o problema das coisas? "O problema é que elas existem". Mas é claro, falei. "Pois é, mas eu não existo".
O menino estava andando e tropeçou. Bateu com a boca em uma lata enferrujada e quebrou os dentes. Foi levado para o hospital. Alguns dias depois, estava com a cara toda infeccionada, apodrecida, cheia de pus. Tiveram que arrancar os dentes todos, mas não adiantou. "Vamos ter que arrancar a cabeça fora, para não comprometer o resto do corpo". Botaram a cabeça do garoto na guilhotina e perguntaram se ele queria dizer algo antes que cortassem sua cabeça fora. Ele disse: Isso é AMOR.
A mulher estava em casa. Entraram 15 ladrões. Quebraram tudo, reviraram a casa. Perguntaram pelas jóias. A mulher disse que não tinha. Ameaçaram matá-la caso não as entregasse. A mulher chorou e disse não estar mentindo. Os homens pegaram canos de ferro para espancar a mulher. Enquanto isso chegava o marido. Viu o que estava acontecendo do lado de fora. O marido entrou munido de muito amor e partiu para cima dos ladrões. Eles estraçalharam o marido e depois estupraram a mulher antes de matá-la. Com amor.
O garotinho foi até a privada. Ele nunca havia utilizado esse dispositivo urino-fecal. Sentou-se com muita dificuldade e despejou tudo lá dentro. Depois chamou a mãe. "O que é isso, filho?", "É amor, mãe".
O amor chegou na churrascaria cedo, no início da tarde. Ele começou a comer. Comeu muito, durante várias horas. "O senhor está bem? Não acha que já comeu demais?", "Não, estou com fome, ainda". E ele continuou a comer. Depois de mais algumas horas, começou a berrar de dor. Em pouco tempo seu corpo começou a rachar. Mas não parou de comer. Poucos minutos mais tarde, quando faleceu de tanto comer, alguém comentou: "O amor não é propriamente algo, ele é tudo o que não é".
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Vejam no
http://descemaisum.blogspot.com/
O Bloco Humano
Uma visão apocalíptica do carnaval.
O amor já chegou dizendo que estava querendo mudar de vida, gostaria de pedir um conselho. Disse que estava puto com as coisas. Eu disse que ele devia evitar as coisas. Mas é difícil evitar as coisas, elas estão em todos os lugares, ele falou. Quais coisas você quer evitar? Todas, ele respondeu, todas as coisas que existem. Qual o problema das coisas? "O problema é que elas existem". Mas é claro, falei. "Pois é, mas eu não existo".
O menino estava andando e tropeçou. Bateu com a boca em uma lata enferrujada e quebrou os dentes. Foi levado para o hospital. Alguns dias depois, estava com a cara toda infeccionada, apodrecida, cheia de pus. Tiveram que arrancar os dentes todos, mas não adiantou. "Vamos ter que arrancar a cabeça fora, para não comprometer o resto do corpo". Botaram a cabeça do garoto na guilhotina e perguntaram se ele queria dizer algo antes que cortassem sua cabeça fora. Ele disse: Isso é AMOR.
A mulher estava em casa. Entraram 15 ladrões. Quebraram tudo, reviraram a casa. Perguntaram pelas jóias. A mulher disse que não tinha. Ameaçaram matá-la caso não as entregasse. A mulher chorou e disse não estar mentindo. Os homens pegaram canos de ferro para espancar a mulher. Enquanto isso chegava o marido. Viu o que estava acontecendo do lado de fora. O marido entrou munido de muito amor e partiu para cima dos ladrões. Eles estraçalharam o marido e depois estupraram a mulher antes de matá-la. Com amor.
O garotinho foi até a privada. Ele nunca havia utilizado esse dispositivo urino-fecal. Sentou-se com muita dificuldade e despejou tudo lá dentro. Depois chamou a mãe. "O que é isso, filho?", "É amor, mãe".
O amor chegou na churrascaria cedo, no início da tarde. Ele começou a comer. Comeu muito, durante várias horas. "O senhor está bem? Não acha que já comeu demais?", "Não, estou com fome, ainda". E ele continuou a comer. Depois de mais algumas horas, começou a berrar de dor. Em pouco tempo seu corpo começou a rachar. Mas não parou de comer. Poucos minutos mais tarde, quando faleceu de tanto comer, alguém comentou: "O amor não é propriamente algo, ele é tudo o que não é".
E as pessoas continuaram sendo elas mesmas. E eu aqui, sendo o que não sou.
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Vejam no
http://descemaisum.blogspot.com/
O Bloco Humano
Uma visão apocalíptica do carnaval.
26 comentários:
Fico imaginando qual é o alvo quando se arremessa dardos em estrume.
Eu ri do ódio negro.
Hermafroditas também amam?
Sendo lançado como bola de boliche, na cara dos presidentes de associações de moradores.
Lembrei do Bush quando quase levou um sapato na cara hauhhuahauhua.
E que bom que esse tipo de amor não é.
Tenso ... Simplesmente inebriante esta hemorragia de palavras a traduzir um SER ...
""O amor não é propriamente algo, ele é tudo o que não é"".
"E as pessoas continuaram sendo elas mesmas. E eu aqui, sendo o que não sou."
Dizer mais o que?
bjux
;-)
Nossa Rafael esse texto foi profundo hein!
Bom o amor é o tudo e o nada é estar presente por si só e desdenhar dos abraços de outras pessoas para levar um chute na cara de um ser especial.
Gostei do menino e sua primeira defecação na privada, porque concerteza, é a prova do maior amor que temos, o amor de nossa mãe que limpava nossas bundas todo o santo dia!
heheh
Espetacular!
abraços!
opa, passando por aqui mto atrasadamente p agradecer pela visita ao meu blog... gracias, colega...
e tbm aproveito o comentário p agradecer a chance de descobrir teu blog, cara... tudo mto massa por aqui... já conhecia o blog do 'desce mais um', mas ainda n tinha aparecido por aqui.. virei seguidor...
*ah, sinta-se convidado a voltar lá sempre q der/quiser...
abs+ão.
Sempre escreve coisas bacanas!
big bjokas*
Adoroooo aqui*
"Amor sabor catarro." (?)
Deus do céu...
OAPSKAPOSPAKSPAOPSK
Mas, tá, o amor esta em todos os lugares.
;**
amor... por mais que a gente saiba que isso faz tanto mal... sempre vamos ficar falando dele. amor ee uma bomba atômica. se nnao mata na hora, deixa o corpo por decadas contaminado.
Eu simplesmente acho impossível que alguém seja o que não é, pois nesse exato momento ela estaria sofrendo uma mutação e se tranformando no que ela não é, consequentemente sendo-o. Ficou confuso, né?
Eu não sei se ainda acredito em toda essa história de amor.
Adoro como você faz uma coisa tão bonita quanto o amor ter um lado tão... repugnante.
Não sei qual a sensação que fica depois de ler tudo isso. Mas como boa parte das tuas palavras, que já li, é inquientante. Incomoda o nosso lado politicamente correto. Acho que você tá certo quando diz que o amor é tudo que não é, por isso ele é tão difícil nesse mundo onde a regra é SER. Você também não é, talvez seja o amor. Então eu estou divagando com o amor sobre a minha dificuldade de não ser o que não sou.
Você pode até não falar dos seus sentimentos, como você me disse.
Mas a gente encontra sim sentimento no que você escreve.
A gente viaja junto com você.
E é incrível.
Adoro isso.
Adoro como a gente tem maneiras diferentes de escrever, mas como consigo viajar em tudo que você escreve.
Adorei isso aqui também.
"O amor não é propriamente algo, ele é tudo o que não é".
E as pessoas continuaram sendo elas mesmas. E eu aqui, sendo o que não sou.
Eu pensava que você ia falar de amor bem graciosamente, mas lógico que não. onde iria parar rafael.
e todo dia ser algo que não é.
Wow.
texto absurdo de incrivel.
tipo, ao mesmo tempo que é tão amor é tão eca!!! shuahsuahsausha
e essa frasezinha de finalização arrasou!
ebaa eu tô em 3 lugar!
Beijoo ;***
me lembrou o poema O amor comeu, do João Cabral de Melo Neto, tão lindo, mas um pouco mais violento e incisivo. Muito bom!
aproveito pra divulgar os meus escritos, de casa nova: www.furtacores.tumblr.com
um beijo!
Amor é coisa de gente doida, eu sou normal.
Olha, adorei essa frase e ta no meu nick do MSN, perfeita. kkkk
" Amor de pata. E de coice. Amor de tangerina podre..."
Colocado dessa forma eu não tenho mais nada contra não ter todo tipo de amor.
É. Dá o que falar esse tal de amor.
Beijos
Rafael,
luar na relva
vento insone
tira o sono das flores
Boas energias
Mari
Querido Rafael:
Que hemorragia, que catarse de imagens sobrepostas que fazem gerar em mim vertigem, tontura e loucura. Impossível não pensar num batepapo de boteco (altas idéias,cervejas e divagações).Parabéns brilhante teu texto.
Abraço
www.lua2gatos.blogspot.com
Nussa, que amor cheio de pragas e desgraças... to fora! rs
Mas adorei!
Bjs
Nossa !
que tenso !
amor mais estranho hein ! ehueheuheuheuhe . cheio de descrições anormais ! HAHA
mas mt legal :)
beijão!
Bom Carnaval !
Rafael
Confesso que fiquei completamente sem chão...Tô ainda tentando entender esse amor tão descaracterizado rsrsrsrs
Fiquei um pouco tensa e por vezes tive vontade de chorar, porque esse texto taõ intenso me passou a idéia de que não sabemos amar ou o que é o amor...
E se faz pensar vale a pena!
Milhões de beijos
gostei. :)
apicht é nóis
Oi!
Tenso...
gostei!!
Bjs,
Maria Clara
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